CAIRO - A Liga Árabe revelará nesta quarta-feira, 2, seu plano para acabar com a violência na Síria, pedindo a retirada das forças de segurança das ruas e a realização de eleições livres, disseram diplomatas envolvidos na elaboração do acordo com o governo do presidente Bashar Assad.
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O órgão deve fazer o anúncio em sua sede, no Cairo. Na terça-feira, a agência estatal da Síria anunciou que Damasco concordou com o plano, mas um membro da Liga Árabe disse que o governo de Assad não havia respondido até então. A proposta é o mais próximo que países vizinhos da Síria parecem ter chegado para arranjar uma solução para os sete meses de conflitos contra o regime.
Diplomatas árabes envolvidos no processo disseram que o plano inclui pedidos para que todos os prisioneiros políticos sejam libertados, uma nova Constituição e a realização de eleições parlamentares e presidenciais livres e monitoradas por observadores internacionais. Também deve haver diálogo com a oposição, embora os contrários ao regime disseram que não vão negociar enquanto Assad estiver no poder.
A repressão aos protestos pró-democracia levaram a comunidade internacional a condenar o regime sírio. A União Europeia e os Estados Unidos impuseram duras sanções econômicas contra membros do governo de Damasco e vários líderes internacionais pediram a renúncia de Assad, que se recusa a deixar o poder.
Diplomatas afirmaram que não houve consenso na Liga Árabe. Os países do Golfo pressionaram pela suspensão da Síria como membro do grupo caso insistisse na repressão e não aceitasse a proposta, mas houve nações que advogaram por mais diálogo. Todos os governos concordaram, porém, que é importante não deixar a Síria se tornar "uma nova Líbia", que viveu oito meses de guerra civil e terminou com a morte do ex-ditador Muamar Kadafi.
De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU) mais de 3 mil pessoas já morreram na repressão. Desertores do Exército começaram a se organizar e iniciaram lutas contra as forças de segurança de Assad. Damasco, por sua vez, afirma que mais de mil agentes foram mortos e culpa "grupos armados e terroristas" pelos protestos e pela violência.