Liga árabe pede cronograma de retirada do Iraque

Países rejeitaram intromissão dos EUA e reiteraram apoio à integridade territorial

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Os países da Liga Árabe pediram neste domingo, 4, uma solução política para a crise no Iraque que dê continuidade às medidas de segurança que foram iniciadas em Bagdá e rejeitaram a intromissão dos Estados Unidos nos assuntos internos da nação. A Liga Árabe pediu ao Conselho de Segurança que fixe um calendário para a retirada das tropas de ocupação do país, às vésperas da conferência internacional sobre a segurança no Iraque prevista para ocorrer no próximo dia 10. O secretário-geral da Liga, Amr Mussa, apresentou no Cairo um plano para a resolução da crise no Iraque, que inclui o fim das milícias. O Conselho de Segurança deve "tomar uma resolução que seja respeitada por todos os iraquianos e outras partes implicadas", disse. Enquanto isso, o Alto Comissionado da ONU para os Refugiados, Antonio Guterres, denunciou na reunião do Cairo o aumento de refugiados iraquianos, que passou para mais 2,5 milhões de pessoas, a maioria recebidos pela Síria e Jordânia. Saída para crise O premiê iraquiano, Nuri al-Maliki, que pediu diálogos pela reconciliação, disse neste domingo que a reforma do governo será concretizada nessa ou na próxima semana com a substituição de ministros. Em reunião realizada em Riad e que serve de preparação para a próxima cúpula da Liga Árabe, que acontecerá nos dias 27 e 28 de março na capital da Arábia Saudita, os ministros de Relações Exteriores árabes reiteraram seu apoio à integridade territorial do Iraque. "A saída para a crise que o Iraque vive requer uma solução política paralela à de segurança, que ajude a eliminar a violência sectária", afirma um comunicado lido pelo ministro de Assuntos Exteriores tunisiano, Abdulah Abdul Wahab. A nota ressalta que o governo do primeiro-ministro do Iraque deve representar toda a população iraquiana e respeitar sua vontade. Sobre o assunto, os ministros disseram que a solução para a crise iraquiana cabe ao Executivo. Por isso, as autoridades governamentais devem trabalhar para ampliar o processo político de forma a incluir todos os membros da sociedade. "Apoiamos a preservação da soberania, a integridade territorial e a identidade árabe e islâmica do Iraque, e rejeitamos a intromissão em seus assuntos internos", frisaram os ministros, referindo-se aos EUA. Os chanceleres pediram ainda que os países árabes acelerem o perdão das dívidas que o Iraque tem com estes países. ´Pontos problemáticos´ No entanto, os problemas enfrentados pela população iraquiana refletiram na decisão da Líbia de não comparecer à cúpula de Riad, alegando que os países árabes não querem resolver o problema seriamente. Segundo especialistas da região, os países da Liga, majoritariamente sunitas, desejam voltar a ter a influência que perderam no Iraque com o governo de Maliki, de origem xiita. Em relação a isto, a Líbia denunciou que os países árabes consideram como inimigo o Irã, que apóia Maliki e tem maioria xiita. Paralelamente a esta polêmica, a Liga Árabe anunciou neste domingo a nomeação do novo responsável da missão da organização no Iraque, que será Tareq Abdel Salem, até agora o "número dois" da entidade. O último representante, Mukhtar Lamani, renunciou em janeiro por causa do agravamento da situação e da incapacidade da organização de contribuir para a melhoria das condições. Sobre os outros "pontos problemáticos" da região, o comunicado referiu-se ao conflito da Somália, elogiando o anúncio da retirada das tropas etíopes deste país, membro da Liga Árabe. Em relação ao Líbano, que desde outubro vive uma crise política, os ministros reiteraram sua solidariedade com o país e convocaram todos os países árabes a oferecerem ajuda política e financeira a esta nação. "O dialogo é a única solução para que o Líbano saia da instabilidade política que vive", frisou Wahab na nota. A respeito da tensa região de Darfur, no Sudão, os ministros árabes apoiaram os esforços do Governo sudanês e da União Africana em estabelecer a paz na região, castigada pela guerra desde 2003. Os chanceleres pediram ainda às facçõs rebeldes que se unam em torno do acordo de paz de Darfur, assinado em 2006 entre o Governo sudanês e um grupo insurgente em Abuja.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.