Liga Árabe prepara sanções à Síria, que critica 'interferência'

Organismo se reúne neste domingo para punir Damasco, em meio a novos protestos e atos de violência em território sírio.

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Por BBC Brasil
Atualização:

Membros da Liga Árabe se reúnem neste domingo para votar um inédito pacote de sanções econômicas contra a Síria, país que vive uma violenta onda de repressão a manifestantes antigoverno. As propostas a serem votadas incluem a suspensão de acordos com o banco central sírio, a suspensão de voos comerciais ao país e um veto a viagens de autoridades de Damasco. Ministros de países árabes redigiram as sanções durante um encontro no Cairo, depois de a Síria ignorar um ultimato da Liga Árabe, que tentou enviar ao país uma missão de observadores com o objetivo de monitorar os confrontos entre forças de segurança e manifestantes pró-democracia. A Síria, por sua vez, rejeitou a iniciativa da Liga Árabe, alegando que o organismo está interferindo em assuntos internos e tentando "internacionalizar" o conflito sírio. O correspondente da BBC no Líbano, Jim Muir, diz que Damasco está retratando internamente a ação da Liga Árabe como uma "conspiração ocidental" para prejudicar o país, por conta de sua resistência tradicional a Israel. A TV estatal síria descreveu as potenciais sanções como "medidas sem precedentes que alvejam a população". Enquanto isso, confrontos continuavam sendo registrados no país neste domingo, e ativistas alegam que ao menos oito pessoas morreram em manifestações ao redor da Síria. No sábado, o Exército enterrou 22 militares que também teriam sido mortos nos enfrentamentos. No total, estima-se que mais de 3,5 mil pessoas tenham morrido no país desde o início dos protestos, em março, segundo cálculos da ONU. Eficácia das sanções O correspondente da BBC explica que as sanções provavelmente terão impacto na Síria, mas não de forma dramática e incontornável. Isso porque diversos países vizinhos relutam em impor punições demasiado duras que prejudiquem as relações bilaterais e provoquem uma enxurrada de refugiados sírios em suas fronteiras. O Iraque, por exemplo, disse que é impossível impor um bloqueio total à entrada de sírios por sua porosa fronteira; o Líbano, por sua vez, se posicionou contra as sanções e dificilmente vai implementá-las. O rascunho do documento, redigido no sábado pelo Comitê Econômico e Social da Liga e visto por jornalistas, requer o apoio de dois terços dos chanceleres dos países-membros da entidade. Apesar da resistência de alguns, a expectativa é de que as sanções sejam aprovadas, com o apoio da Turquia, que tem sido uma das mais duras críticas do regime sírio. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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