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Liga Árabe se opõe a ataque ao Iraque

Por Agencia Estado
Atualização:

A Liga Árabe continua a se opor a um eventual ataque dos Estados Unidos ao Iraque, mas vai exigir que Bagdá coopere com os inspetores de desarmamento da ONU, declarou neste domingo um porta-voz da organização no Cairo. Segundo a Liga, esta posição será reiterada pelos ministros dos Negócios Estrangeiros árabes durante reunião extraordinária no próximo domingo, no Cairo, que se concentrará no conflito com o Iraque e entre israelenses e palestinos. ?Tambores de guerra? "O conselho ministerial da Liga avaliará a situação em geral e debaterá sobre a insistência de Washington de tocar os tambores de guerra contra o Iraque, apesar da oposição árabe e mundial a essa política", afirmou o representante palestino na Liga Árabe, Mohamed Sobeih. Também serão avaliados os resultados dos contatos que os países árabes mantiveram com importantes potências, em especial França, China e Rússia, e será pedido a Bagdá que cumpra as resoluções da ONU para "não dar aos Estados Unidos qualquer pretexto para atacar", acrescentou. Entretanto, o secretário-geral da Liga Árabe, Amr Moussa, fez votos de que a resolução do Conselho de Segurança da ONU sobre o desarmamento do Iraque seja "justa e razoável" e disse que ela deve visar, em primeiro lugar, "uma ajuda aos inspetores, e não criar-lhes dificuldades". Moussa acredita que "uma resolução assim reforçaria a credibilidade do Conselho de Segurança". Entretanto, Saddam Hussein afirmou, numa entrevista publicada neste domingo pelo semanário egípcio Elosboa, que o Iraque se prepara para a ofensiva norte-americana "como se ela fosse ter lugar dentro de uma hora". "Isto não quer dizer que sejamos mais fortes do que os Estados Unidos, que possuem frotas e mísseis de longo alcance. Nós temos a nossa fé em Deus, a Pátria e o povo iraquiano, mas também o povo árabe", acrescentou Saddam Hussein. Manobras aéreas Enquanto a questão do Iraque é discutida e negociada nas chancelarias internacionais, os aviões de combate da Marinha norte-americana estacionados no Golfo, além de patrulharem a zona de exclusão aérea no sul do Iraque, ensaiam simulações de bombardeios contra alvos iraquianos, noticiou neste domingo o jornal The New York Times. Os pilotos fazem simulações de bombardeios a pistas de aterrissagem, torres de controle e outras instalações militares, alvos que poderão ser destruídos no caso de o presidente George W. Bush ordenar um ataque aéreo ao Iraque. As zonas de exclusão aérea no sul e norte do Iraque foram estabelecidas após a guerra do Golfo, em 1991, para impedir as forças do regime de Bagdá de procederem a ataques aéreos contra os xiitas no sul do Iraque e as forças curdas no norte do país. Pacifistas americanos Entretanto, pacifistas norte-americanos em visita a Bagdá afirmaram neste domingo que estão determinados a permanecer no Iraque mesmo em caso de ataque dos Estados Unidos. "Vamos aprender árabe, fazer voluntariado e fazer saber (aos norte-americanos) a nossa interação com o povo iraquiano", declarou Kathy Kelly, porta-voz do grupo "Voices in the Wilderness" (Vozes no Deserto), que milita pelo levantamento das sanções impostas ao Iraque pelas Nações Unidas em 1990. Kathy descartou a idéia de que os ativistas possam ser utilizados como escudos humanos em caso de um ataque norte-americano, afirmando que estiveram em Bagdá em 1998 durante os bombardeios dos Estados Unidos na operação "Tempestade no Deserto" e que isso não aconteceu. "Nós queremos mostrar às pessoas do nosso país os problemas do povo iraquiano", afirmou esta mulher de 49 anos que esteve em Bagdá também em 1991, cinco anos antes da criação da sua atual organização. ?Invasão cultural? Por outro lado, Saddam Hussein exortou os artistas iraquianos a combaterem a invasão cultural dos Estados Unidos, considerando que os livros e filmes norte-americanos são tão perigosos como as bombas, escreve neste domingo a imprensa do país. "Os norte-americanos invadiram o mundo e tentam mudar as culturas dos povos com os seus filmes", declarou o chefe de Estado ao receber em audiência um grupo de artistas iraquianos. Estimando que os iraquianos têm "tanta necessidade de cultura como de pão", Hussein felicitou os artistas e intelectuais iraquianos por "continuarem a falar da vida e das potencialidades" do país, apesar do embargo imposto ao Iraque desde 1990 e das ameaças de ataque norte-americano.

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