
13 de novembro de 2011 | 03h05
A Liga Árabe suspendeu ontem a Síria e ameaçou o país com sanções econômicas e políticas até o regime de Bashar Assad interromper a violenta repressão contra a oposição, que já deixou mais de 3,5 mil mortos, segundo a ONU. A entidade ainda recomendou a retirada dos embaixadores dos países membros em Damasco. A decisão foi tomada pouco mais de uma semana depois de a Síria ter assinado um acordo com a Liga Árabe para suspender as ações de suas forças de segurança contra dissidentes, libertar presos e iniciar um diálogo com a oposição. Ao longo desse período, o regime matou mais de cem pessoas, de acordo com entidades de direitos humanos ligadas à oposição. Centenas de dissidentes foram presos.
"Fomos criticados por não agirmos antes, mas precisávamos de maioria para aprovar uma decisão", disse o premiê do Catar, Hamad Bin Jassim. "Caso a violência e os assassinatos não sejam interrompidos, pediremos uma ação da ONU."
Em resposta, a Síria acusou a Liga Árabe de estar subordinada à agenda dos EUA. "A suspensão é ilegal e viola o estatuto da entidade", disse o representante sírio, Yousef Ahmad.
Para Ayham Kamel, da agência de risco político Eurasia, o risco de um colapso do regime no momento é improvável. "Assad ainda mantém apoio dos militares e amplo apoio em Damasco e Aleppo", afirmou.
A suspensão, aprovada pelos próprios árabes, pode colocar pressão em Rússia, China e Brasil, que se opõem a novas sanções. Há um mês, russos e chineses vetaram uma condenação da violência do regime sírio no Conselho de Segurança - o Brasil se absteve. Na semana passada, os EUA e os europeus indicaram que poderiam mais uma vez levar o tema à ONU. O Itamaraty, no passado, afirmara que a posição dos países árabes seria levada em conta na hora de tomar decisões na ONU.
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