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Likud sai na frente em pesquisas de opinião

Por Agencia Estado
Atualização:

O Partido Likud, do primeiro-ministro Ariel Sharon, apareceu na frente em pesquisas de opinião divulgadas hoje, um dia depois de ele ter convocado eleições antecipadas para janeiro, jogando a nação numa turbulenta campanha que ameaça trazer mais instabilidade para o Oriente Médio. Antes da eleição geral, o direitista Likud e o moderado Partido Trabalhista vão promover primárias para escolher um líder, que será o candidato da legenda para o posto de primeiro-ministro. No Likud, Sharon supera o ex-premier Benjamin Netanyahu por 44% a 38%, segundo pesquisa publicada pelo diário Yediot Ahronot. A margem de erro é de 4 pontos porcentuais. Apesar da rivalidade, Netanyahu aceitou o convite de Sharon para assumir o Ministério de Relações Exteriores no governo de transição. A indicação foi aprovada hoje pelo Parlamento, por 61 votos a 31. A oferta de Sharon e a aceitação de Netanyahu estão sendo retratadas como parte de um complicado jogo entre os dois, cada um tentando conquistar votos entre os eleitores do Likud. As primárias do partido ainda não têm data definida. Sharon quer realizá-las o mais breve possível, talvez no final de novembro, enquanto Netanyahu quer mais tempo, a fim de fazer campanha. Falando a repórteres no Parlamento, pouco antes de sua confirmação, Netanyahu disse ter proposto a Sharon a divulgação de uma declaração conjunta afirmando que quem vencer a liderança do Likud receberá o apoio do outro. Netanyahu afirmou que está pronto para trabalhar com Sharon, antes e depois das primárias. "Nós dois servimos como ministro do Exterior, os dois serviram como primeiro-ministro e não tenho dúvidas de que podemos trabalhar perfeitamente bem juntos", avaliou. Na primária trabalhista em 19 de novembro, o líder do partido, Binyamin Ben-Eliezer, enfrenta o desafio de dois candidatos pacifistas, o prefeito de Haifa, Amram Mitzna, e o parlamentar Haim Ramon. Mitzna, que está na frente dos outros dois em pesquisas entre trabalhistas, disse hoje que como líder do partido ele não participará de outra coalizão com o Likud. "O Partido Trabalhista cometeu um sério erro quando se uniu ao governo do Likud", considerou Mitzna hoje em entrevista à Rádio do Exército de Israel. "Não cometerei o mesmo erro." O Partido Trabalhista abandonou a coalizão na semana passada, depois que Sharon rejeitou a exigência de Ben-Eliezer de cortar verbas orçamentárias para assentamentos judaicos na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. Na terça-feira, seis dias depois da saída dos trabalhistas, Sharon convocou eleições antecipadas, reconhecendo que não foi capaz de restaurar uma maioria parlamentar estável. A pesquisa do Yediot Ahronot indica que Sharon tem as melhores chances de se tornar primeiro-ministro. Pelo sistema eleitoral de Israel, os eleitores escolhem um partido, não um candidato. O líder do partido capaz de formar uma coalizão majoritária é nomeado primeiro-ministro. A pesquisa sugere que o Likud ganharia 33 das 120 cadeiras do Parlamento, das atuais 19, e surgiria como o partido mais forte. A direita israelense, no geral, teria fortes ganhos, indica a pesquisa, dando ao líder do Likud mais chances do que teria um rival trabalhista para formar uma coalizão. O Partido Trabalhista perderia sete cadeiras e ficaria com 19, segundo a pesquisa. Outra pesquisa, da agência Geocartographia, mostrou que Sharon é preferido por 34% dos entrevistados para ser primeiro-ministro, 29% escolheram Netanyahu, 15% ficaram com Mitzna, enquanto Ben-Eliezer e Ramon ficaram com 3% cada. Dezesseis por cento não deram opinião ou não gostaram de nenhum candidato. A margem de erro é de 4,3 pontos porcentuais. Por enquanto, a eleição geral está marcada para 28 de janeiro, mas os parlamentares ainda podem optar por antecipar a data em até duas semanas. Uma decisão final deve ser tomada amanhã. O certo é que um tema central na campanha será a questão palestina. Mitzna propõe a retomada das conversações de paz, apesar dos dois anos de violência. Netanyahu disse, na terça-feira, que o líder palestino Yasser Arafat deve ser expulso dos territórios, de preferência durante um ataque dos EUA contra o Iraque. "Penso que o momento mais apropriado será quando Saddam Hussein for derrubado", avaliou Netanyahu na tevê israelense. "Acho que isso será possível." Respondendo a Netanyahu, Arafat disse hoje: "Ninguém pode me deportar de minha terra-natal... Eles têm de lembrar que estão lidando com Yasser Arafat." Arafat pediu a Netanyahu para retomar as conversações de paz, destacando que, como primeiro-ministro, ele negociou tratados provisórios com os palestinos. Militantes palestinos podem influenciar no resultado da eleição. Se houver um aumento dos atentados, os eleitores israelenses devem se voltar ainda mais para a direita. Uma pausa na violência tenderia a beneficiar os trabalhistas.

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