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Localizados autores do ''bilhete de Auschwitz''

Por Efe , OSWIECIM e POLÔNIA
Atualização:

Três ex-prisioneiros do campo de concentração de Auschwitz, na Polônia, que haviam grafado seus nomes num bilhete colocado dentro de uma garrafa, em 1944, foram localizados pelo jornal alemão Bild. Escrito a lápis num pedaço de saco de cimento, o pergaminho foi encontrado no mês passado por pedreiros que reformavam uma escola no lugar onde ficava o campo. Na mensagem, sete presos se identificavam - dos quais cinco sobreviveram ao nazismo e três ainda estão vivos. Na época, eles tinham entre 18 e 20 anos. "Queríamos deixar um sinal de nossa existência para depois de nossa morte", explica o polonês Waclaw Sobczak, de 85 anos. "Nunca pensamos que encontrariam nossa garrafa. E tínhamos muito medo que nos matassem, caso ela fosse achada." Segundo Sobczak, o autor do bilhete foi o também polonês Bronislaw Jankowiak, que sobreviveu ao extermínio e mudou-se para a Suécia, onde morreu em 1997. "A vida no campo era horrível e todos sabiam que, sem motivo nenhum, podiam ser mortos a qualquer instante. Pensávamos que nunca sobreviveríamos a esse inferno", diz Sobczak. A nota trazia o nome, lugar de origem e o número de identificação tatuado no braço dos prisioneiros. Apesar de os judeus terem sido 90% das vítimas de Auschwitz, apenas um entre os sete signatários do bilhete era judeu, o francês Albert Veissid - que hoje vive em Marselha. O jornal cita também os sobreviventes poloneses Karol Czekalski, que conseguiu escapar juntamente com seu irmão, e Stanislaw Dubla, morto num acidente de trem em 1952. O pergaminho será exposto no museu de Auschwitz, administrado pelo Estado polonês. "Esses jovens colocaram a mensagem na garrafa para deixar um sinal. Mas não apenas ela foi preservada: alguns dos nomes listados também sobreviveram. É uma história muito emocionante", diz o diretor do museu, Piotr Cywinski. Mais de um milhão de pessoas foram assassinadas em Auschwitz-Birkenau.

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