Londres também admite atacar Iraque sem aval da ONU

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Por Agencia Estado
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Os governos britânico e norte-americano apressaram-se nesta sexta-feira em deixar claro que estão dispostos a atacar o Iraque, mesmo sem um mandado da Organização das Nações Unidas (ONU), caso o Conselho de Segurança (CS) relute em usar a força se o regime iraquiano não cumprir as resoluções sobre desarmamento. No dia anterior, Estados Unidos e Grã-Bretanha, recuaram de sua proposta de aprovar um texto severo ameaçando com uma intervenção militar, depois de infrutíferos esforços de obterem o apoio dos outros membros permanentes e com direito a veto no CS - Rússia, China e, principalmente, França. "Nós (EUA e Grã-Bretanha) estamos completamente comprometidos com o caminho da ONU se ele for bem-sucedido. Se, por exemplo, formos vetados em relatórios, tão claros como a luz do dia, sobre flagrante descumprimento de resoluções da ONU, então, claro, estaremos numa situação diferente", disse o chanceler britânico, Jack Straw, à emissora de rádio BBC. "Nós nos reservamos o direito de atuar no âmbito da lei internacional no que se refere ao uso da força que poderia não estar previsto em uma nova resolução." O secretário norte-americano de Estado, Colin Powell, ameaçou passar por cima do processo na ONU. "Os Estados Unidos não precisam de nenhuma autoridade adicional, mesmo agora, se considerarmos necessário agir para nossa defesa", afirmou hoje à noite. "Os Estados Unidos estão agora operando com base na autoridade dada ao presidente (George W. Bush) por uma resolução conjunta do Congresso. E aquela resolução é clara: diz que o presidente tem autoridade para atuar, no melhor interesse dos EUA, com nações aliadas, se a ONU agir ou não." De acordo com o porta-voz do Departamento de Estado, Richard Boucher, os EUA não vão ficar limitados por uma eventual "inatividade" do CS caso o chefe dos inspetores de armas da ONU, Hans Blix, conclua que o Iraque não cumpre o combinado. Diplomatas dos 15 membros do CS da ONU estão de "prontidão", à espera da anuência francesa ao novo texto dos norte-americanos que, depois de obter o aval dos cinco membros permanentes, será enviado aos outros dez. A solução de compromisso estipula que os inspetores de armas da ONU terão de informar imediatamente qualquer obstáculo a seu trabalho. O relato implicará a rápida convocação de reunião do CS para analisar a situação "com o objetivo de restaurar a paz e a segurança". Essa frase não significa um mandado explícito para a guerra, assinalou o diário The Guardian, mas, também, não faz com que EUA e Grã-Bretanha tenham de esperar a aprovação de uma segunda resolução para atacar. Ao mesmo tempo em que se intensificam os esforços para o imediato retorno dos inspetores a Bagdá, o governo norte-americano prossegue com os preparativos para um ataque. Altos funcionários da Marinha confirmaram que o porta-aviões Constellation, com 72 aviões a bordo, seguirá para o Golfo antes do fim do ano, mas enfatizaram que essa viagem é rotineira, pois ele vai substituir outro navio. Segundo um jornal de San Diego, o Constellation partirá da Califórnia no dia 2 e será o terceiro porta-aviões no Golfo Pérsico. Outros dois devem seguir até dezembro.

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