Londres teme que vídeo de militares gere comoção no País

Londres teme que imagens dos militares britânicos capturados fragilizem a população, colaborando para um acirramento da crise e do apoio à guerra

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Por Agencia Estado
Atualização:

A veiculação nesta quarta-feira, 28, de imagens dos 15 fuzileiros e marinheiros britânicos capturados no Golfo Pérsico na semana passada gerou grande preocupação no governo do Reino Unido, que criticou prontamente a decisão do governo de Teerã. Além de apresentar receio com supostos indícios de que os militares possam ter sido coagidos ao serem exibidos na televisão, Londres teme que as imagens causem comoção na população britânica, criando clima para um acirramento da crise. Ao menos foi esse o resultado de outras ocasiões em que imagens de presos de guerra foram divulgadas. Em 2003, a sargento do exército americano Shoshana Johnson foi capturada após uma troca de tiros no Iraque. O comboio em que ela viajava tomou um caminho errado e foi emboscado por forças iraquianas perto da cidade de Nasiriya, no sul do país. Durante os 22 dias em que Shoshana esteve no cativeiro, o seqüestro ocupou grande espaço na mídia e comoveu a opinião pública nacional. Atingida nos tornozelos, ela esteve sob domínio dos iraquianos com mais quatro companheiros. Os cinco foram exibidos na televisão estatal iraquiana num vídeo em que apareciam abalados, respondendo nervosamente a perguntas dos captores. No mesmo ano, o caso da soldado Jessica Lynch também comoveu a população dos Estados Unidos. Seqüestrada por forças iraquianas e resgatada após uma semana de cativeiro, Lynch recebeu muitos presentes e flores, tantos que pediu publicamente para receber cartões no lugar. A família da militar sugeriu que a população mandasse dinheiro à instituições de caridade ao invés de enviar presentes à militar. O resgate de Lynch teve registro audiovisual. Uma câmera de vídeo de combate mostrava, sem data definida, o resgate da militar no Iraque. Enquanto esteve em um hospital no Iraque, a equipe do local afirmavam protegê-la de soldados e agentes iraquianos que usavam o hospital como base militar. Um iraquiano, conhecido apenas como "Mohammed", viu Lynch sofrendo agressões no hospital enquanto a visitava. O iraquiano então foi até a base militar americana mais próxima e contou que sabia onde Lynch estava sendo mantida. Funcionando como membro infiltrado das forças americanas, Mohammed monitorou gravando vídeos de quem entrava e saía do quarto da militar. As gravações foram essenciais para que os americanos invadissem o local e resgatassem Lynch.

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