PUBLICIDADE

Londres vigia Malvinas com máquina de guerra

Tensão com argentinos se eleva, mas britânicos dizem que apenas protegem os ilhéus

Por
Atualização:

A Marinha britânica iniciou sexta-feira o exercício de troca de guarda nas Ilhas Faklands/Malvinas. Sai a veterana fragata Montrose, ficam um super destróier, novo em folha e, na esteira, o acirramento das relações bilaterais entre Buenos Aires - que acusa a Grã-Bretanha de militarizar o arquipélago - e Londres, que se limita a dizer que trata da segurança territorial dos 2.300 habitantes civis, os kelpers, e de seus carneiros, cerca de 40.100 deles.Na manifestação da chancelaria, nem uma só palavra sobre os 8,3 bilhões de barris de petróleo, o tamanho da reserva que os ingleses garantem ter descoberto na área. Ou sobre os nódulos polimetálicos, uma espécie de jazida de minerais estratégicos que haveria ali, no subsolo oceânico.A temperatura bateu nos 7 graus há dois dias em Mount Pleasant, a portentosa base inglesa nas ilhas. Nada ruim para o arquipélago austral de mais de 700 afloramentos, onde os termômetros caem, com facilidade, até terríveis temperaturas polares, coisa de 20,5 graus negativos, como foi registrado em 2 de janeiro.A bordo do Dauntless, o sofisticado destróier que passa a liderar a ação militar dissuasiva na área, tudo normal: o ambiente climatizado é mantido em 18 graus. É apenas uma das características dessa máquina de guerra naval, a segunda da série 45 de novas fragatas - como seriam classificadas, por exemplo, no Brasil - produzidas na Grã-Bretanha.Entre os integrantes da Ala Aérea está um príncipe da casa real, ninguém menos que William, segundo na linha de sucessão. Pilota helicópteros de resgate. É um trabalho e tanto - naquela região do Atlântico, a operação de salvamento no mar não pode ultrapassar o limite de meia hora.O moderno navio, em operação há 18 meses, foi enviado para ficar, ao menos por um certo tempo. Leva 190 tripulantes e o desenho "furtivo" é destinado a driblar sensores de detecção. Desloca oito mil toneladas.Faz parte do plano de defesa do território, junto com o Esquadrão 1.435 da Real Força Aérea, a RAF, equipado com quatro caças Eurofighter Typhoon, o mais poderoso do arsenal da Inglaterra e um dos mais caros do mundo: não sai por menos de 90 milhões.A base abriga 1.650 militares, ao menos uma aeronave pesada para cumprir missões de vigilância e sensoriamento eletrônico, helicópteros antissubmarino, lanchas armadas e um grande jato para realizar o reabastecimento de combustível em voo.Um time das forças especiais, de tamanho e especialidade não revelados, é mantido em Mount Pleasant sob alerta médio - ou seja, os homens moram na base e devem estar prontos para ação em 40 minutos depois do acionamento.O atracadouro pode receber e manter os submarinos de propulsão nuclear de 7 mil toneladas da frota britânica. O centro de informações do comando funciona, a rigor, como uma agência de inteligência, com recursos eletrônicos digitais atualizados pela última vez em 2010. O núcleo militar foi criado em 1982, pela então primeira-ministra Margaret Thatcher, três dias depois do fim da guerra entre britânicos e argentinos pela posse das ilhas. O conflito deixou o saldo negativo mais de 900 mortos.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.