Lugo diz que aceita destituição em caso de julgamento

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Por AE-AP
Atualização:

O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, disse que estaria disposto a aceitar sua destituição pelo Senado em um julgamento político, mas tem esperança de que ele não ocorra, informou hoje Miguel López Perito, chefe de gabinete do Palácio do Governo. "Temos informações de que em março, quando o Congresso retoma suas sessões, pode ser apresentado o pedido de julgamento político contra o presidente", disse López em coletiva de imprensa. López, porém, anunciou que se houver a destituição "o presidente aceitará, mas esperamos que não existam votos..." O julgamento político está previsto na Constituição como uma ferramenta democrática para retificar supostas ações incorretas do chefe de Estado e seus ministros. O presidente disse recentemente em um ato público, durante o atual recesso parlamentar das férias de verão, que "em 20 de abril de 2008, o povo se pronunciou dizendo não aos partidos tradicionais, partidos do passado, que hoje estão chorando sobre o leite derramado". Segundo informações da imprensa de Assunção, aparentemente houve uma reunião de legisladores dos partidos opositores Colorado, Pátria Querida e União Nacional dos Cidadãos Éticos (Unace), liderados pelo general Lino César Oviedo, para impulsionar o julgamento político. Lugo, ex-bispo católico, assumiu o poder sem apoio parlamentar. Dos 45 senadores, apenas três da corrente autodenominada progressista são seus aliados: Carlos Filizzola, do Partido País Solidário; Alberto Grillón do Partido Democrático Popular; e Sixto Pereira, do Tekojojá (gente unida, no idioma guarani). Dentre os deputados, apenas Aida Robles, do Tekojojá, o apoia. O conservador Partido Liberal Radical Autêntico (PLRA), a maior legenda da coalizão Aliança Patriótica para a Mudança, que levou Lugo ao poder nas eleições de 20 de abril de 2008, abandonou a coalizão no ano seguinte porque não obteve a maioria dos cargos de alta hierarquia no governo.

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