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Lula afasta hipótese de enriquecer urânio do Irã no Brasil

Presidente disse que países localizados mais próximos ao Irã devem realizar tarefa.

Por Fabrícia Peixoto
Atualização:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira que o Brasil não considera a possibilidade de enriquecer o urânio iraniano em território brasileiro. "O Brasil não trabalha com a hipótese de ser depositário do urânio do Irã", disse o presidente, logo após um encontro com o presidente venezuelano, Hugo Chávez, em Brasília. Segundo Lula, essa tarefa deve ser desempenhada por países "mais próximos" geograficamente do Irã. No ano passado, a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica, ligada à ONU), com o apoio de vários países, apresentou ao Irã uma proposta que prevê a entrega de urânio iraniano levemente enriquecido a um terceiro país, que ficaria responsável por transformá-lo em combustível antes que ele fosse devolvido a Teerã. Rússia e Turquia têm sido as mais cotadas a desempenhar esse papel, mas recentemente o Brasil também passou a ser citado como uma opção. Invasão Lula também disse que não reconhece a "hipótese" de que forças americanas invadam o Irã, caso prossiga o impasse envolvendo o programa nuclear iraniano. Os Estados Unidos e outros países suspeitam que o Irã está procurando desenvolver armas atômicas, mas Teerã alega que o seu programa nuclear tem fins pacíficos. "Não vejo hipótese nem oportunidade política de os Estados Unidos invadirem o Irã. Isso nunca foi discutido nos fóruns multilaterais, nem no Conselho de Segurança da ONU", disse o presidente. Segundo ele, o governo brasileiro espera "convencer" o Irã a não dar um passo adiante para construir uma bomba nuclear. "O Brasil tem tamanho e grandeza para jogar esse papel no mundo", disse o presidente, referindo-se às tentativas do governo brasileiro na intermediação de um acordo com Teerã. "Cuida de conflitos quem tem experiência de paz, como o Brasil", acrescentou. Amorim Lula disse que ainda não teve retorno sobre a viagem de dois dias do chanceler Celso Amorim a Teerã e que os dois deverão discutir o assunto pessoalmente, quando o ministro chegar. Na terça-feira, durante a visita a Teerã, Amorim também falou sobre a possibilidade de o Brasil enriquecer o urânio do Irã e afirmou que o país poderia analisar a hipótese. "Até o momento, não houve uma proposta. Mas se recebermos essa proposta, ela seria examinada", disse Amorim. Durante a visita ao Irã, Amorim se encontrou com o presidente do Parlamento iraniano, Ari Larijani, com o chanceler do país, Manouchehr Mottaki, e com o presidente, Mahmoud Ahmadinejad. O chanceler voltou a defender o diálogo como a melhor saída para o programa nuclear do país e afirmou que encerrou sua missão no país de forma "mais otimista" sobre um acordo para evitar as sanções. Apesar do apoio a uma saída diplomática ao impasse, Amorim afirmou que o Irã tem que garantir à comunidade internacional que seu programa não tem objetivos militares. "O Irã deve ter o direito de manter atividades nucleares pacíficas, mas a comunidade internacional deve receber garantias de que não haverá violações nem desvios para o uso em fins militares", afirmou o ministro. "Na maioria das vezes, por algum motivo, pode haver dúvidas e até suspeitas. Mas o que o Brasil diz é que todas essas ambiguidades precisam ser eliminadas." BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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