
20 de dezembro de 2010 | 17h20
BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira, 20, que não acredita em um acordo de paz no Oriente Médio enquanto o principal mediador do diálogo entre israelense e palestinos forem os EUA.
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"Estou convencido que não haverá paz no Oriente Médio enquanto os EUA forem o tutor da paz", disse Lula em discurso durante encontro de final de ano de oficiais das Forças Armadas, em Brasília. "É preciso envolver outros agentes, outros países para poder negociar a questão da paz no Oriente Médio. Não é uma questão dos americanos", disse.
Os EUA atuam como mediadores das conversas de paz entre Israel e a Autoridade Nacional Palestina (ANP). O diálogo direto foi retomado em setembro, mas pouco avançou devido à expansão das colônias judaicas nos territórios ocupados.
Lula tem defendido um papel mais atuante do Brasil no processo de pacificação do Oriente Médio. Em maio, o presidente visitou o Irã para tentar mediar um acordo sobre o programa nuclear da República Islâmica. As potências ocidentais suspeitam que o programa de Teerã tem objetivos bélicos, mas o governo iraniano afirma que enriquece urânio com fins pacíficos.
O presidente lembrou que a conversa com seu colega iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, levou em conta os termos de uma carta enviada a ele pelo presidente americano, Barack Obama, dez dias antes de sua visita a Teerã.
"Antes de viajar, nós recebemos uma carta do presidente Obama que colocava algumas condições (para um acordo internacional)", disse Lula. "O presidente Ahmadinejad aceitou exatamente o termo que levamos e por isso assinou que estava disposto a sentar na mesa na comissão em Genebra", declarou.
O Brasil e a Turquia tentaram mediar um acordo de troca de combustível nuclear com o Irã, para evitar a imposição de sanções ao país. No entanto, o acordo não impediu que as potências ocidentais seguissem pressionando por novas sanções ao país.
Lula argumentou que o único motivo para que o acordo não fosse aceito pela comunidade internacional é porque Brasil e Turquia estariam interferindo em um assunto que não caberia a países emergentes.
"Mesmo assim, os países do Conselho de Segurança (da ONU) resolveram punir o Irã. Por quê? A única explicação é que era preciso punir o Irã porque o Brasil e a Turquia tinham se metido numa seara que não era a de país considerado emergente", afirmou. "O que o Ahmadinejad assinou é exatamente aquilo que o presidente Obama colocou para nós dez dias antes de a gente viajar para o Irã", declarou.
Um acordo mediado por Brasil e Turquia para troca de urânio chegou a ser assinado com o Irã em maio. O acordo, porém, foi rejeitado pelo Grupo de Viena - composto por Rússia, França e EUA - e o Conselho de Segurança da ONU optou por impor uma quarta rodada de sanções ao país.
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