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Lula defende diálogo com 'todas as forças' no Oriente Médio

Em encontro com o presidente de Israel, o brasileiro disse que é por isso que receberá o líder do Irã no dia 23.

Por Alessandra Corrêa
Atualização:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira, após uma reunião com o presidente de Israel, Shimon Peres, que para construir a paz no Oriente Médio é necessário dialogar com todas as forças envolvidas. Ao ser questionado sobre o fato de o Brasil se dizer amigo de Israel, mas, ao mesmo tempo, estar se preparando para a visita do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, Lula disse que vai receber o líder iraniano por "uma razão muito simples". "Você não constrói a paz necessária no Oriente Médio se não conversar com todas as forças políticas e religiosas, que querem paz e que se opõem à paz", disse. "Ou você transforma o processo de negociação em um clube de amigos em que todos estão concordando com uma coisa e os que discordam ficam de fora, portanto a paz não será possível nunca", afirmou o presidente. "Não temos veto a conversar com quem quer que seja desde que daquela conversa você extraia uma palavra, ou apenas uma vírgula que possa contribuir para que a gente possa definitivamente construir uma paz duradoura e para sempre no Oriente Médio." Ahmadinejad, que é considerado um inimigo por Israel, chega ao Brasil no dia 23, menos de duas semanas depois da visita de Peres. Palestinos O presidente israelense disse que seu país está feliz por ter a contribuição brasileira no processo de paz e que a maioria dos israelenses apoia a criação de um Estado palestino ao lado de Israel. Lula disse que o colega, como homem de "larga experiência política" e ganhador do Nobel da Paz (pelos esforços que culminaram na assinatura do Tratado de Oslo, em 1993), "sabe que não haverá paz sem concessões políticas". "Israelenses e palestinos não devem temer os sacrifícios da paz. Uns como os outros, podem contar com o Brasil para a construção de uma paz cujas repercussões positivas transcenderão as fronteiras do Oriente Médio", disse Lula. No dia 20, o Brasil vai receber o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas. Na semana passada, Abbas anunciou que não vai concorrer à reeleição devido à recusa do governo israelense em congelar os assentamentos judaicos nos territórios palestinos. Depois desse anúncio, Peres apelou mais de uma vez a Abbas para que reconsidere e concorra à reeleição. Ao ser questionado sobre o tema dos assentamentos, Peres disse que não serão construídos novos assentamentos e que haverá o congelamento dos atuais, exceto nos casos em que filhos dos colonos se casam e pretendem se estabelecer nas terras. Esse é um dos principais pontos do impasse nas negociações. Peres disse ainda que seu país está pronto "até para uma paz imperfeita" para evitar derramamento de sangue. "A única coisa que estamos pedindo é que haja garantia de segurança", afirmou. A visita de Peres é a primeira de um chefe de Estado israelense em mais de 40 anos ao Brasil. Agenda Nesta quarta-feira, Brasil e Israel assinaram acordos nas áreas de turismo, cinema e cooperação técnica, além de um tratado de extradição. Peres viaja acompanhado de uma delegação de mais de 40 empresários israelenses que, nesta quinta-feira, deverão participar de um encontro na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). Um dos objetivos da viagem do presidente de Israel é aprofundar as relações econômicas entre os dois países. Nesta quarta-feira, Lula disse que estão avançadas as negociações para a compra de aviões não-tripulados fabricados em Israel, já sendo testados. Em São Paulo, Peres também deverá se reunir com o governador José Serra e com representantes da comunidade judaica. Na sexta-feira, o presidente israelense vai para o Rio, última escala de sua visita oficial de cinco dias, antes de embarcar para a Argentina. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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