10 de dezembro de 2010 | 00h35
Assange nega a acusação e diz que está sendo perseguido por revelar documentos secretos da diplomacia americana e de empresas. O discurso de Lula em defesa da "liberdade de expressão" começou com uma crítica à imprensa, que não estaria dando apoio ao australiano.
"O que eu estranho é que o rapaz que estava desembaraçando a diplomacia americana, como é que se chama, hein? WikiLeaks, foi preso e não estou vendo nenhum protesto contra (pela) a liberdade de expressão", disse o presidente.
No discurso feito durante balanço de quatro anos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), Lula orientou o fotógrafo oficial da presidência, Ricardo Stuckert, a divulgar no blog do Planalto o "primeiro protesto" contra a prisão de Assange. "É engraçado, não tem nada, nada contra (o cerceamento) à liberdade de expressão de um rapaz que estava colocando a nu um trabalho menor de alguns embaixadores", disse. "Ô Stuckinha, pode colocar no blog o primeiro protesto", repetiu. "O rapaz estava colocando apenas aquilo que leu", acrescentou o presidente.
Nos oito anos de governo, Lula fez uma série de críticas à imprensa por divulgar ações de governo e dados de investigações, alegando que isso não contribui para o País. Ontem, ele disse que o culpado não é quem divulga. "Em vez de culpar quem divulgou, culpe quem escreveu a bobagem, porque senão não teria o escândalo que tem", afirmou.
Lula aproveitou o discurso de ontem para orientar a presidente eleita, Dilma Rousseff, a não permitir "bobagens" de diplomatas brasileiros.
"Eu não sei se meus embaixadores passam esses telegramas. Mas olhem, a Dilma tem que saber e falar para o seu ministro: "Se não tiver o que escrever, não escreva bobagem, passe em branco a mensagem.""
Para o presidente, o WikiLeaks "desnudou" uma diplomacia que parecia "inatingível" e "a mais certa do mundo". "Eu não sei se colocaram cartaz como no tempo do faroeste, assim: "Procura-se vivo ou morto"", afirmou.
O governo dos EUA rebateu as críticas do presidente Lula. "As acusações pelas quais Assange foi detido não têm nada a ver com o WikiLeaks", afirmou o porta-voz do Departamento de Estado, Charles Luoma-Overstreet, em referência ao fato de o fundador do site ter sido detido pela polícia londrina por causa de supostos crimes sexuais cometidos na Suécia.
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