PUBLICIDADE

Lula inspira reformas sociais de candidato verde na Colômbia

Antanus Mockus disse que política fiscal brasileira serve de exemplo para ele.

Por Claudia Jardim
Atualização:

O candidato do partido Verde à presidência da Colômbia, Antanas Mockus, um dos favoritos na disputa de um possível segundo turno, disse neste domingo que pretende se inspirar na política fiscal do governo brasileiro para implementar reformas sociais. "Acredito que a seriedade fiscal que usualmente é vista como qualidade da direita ajuda a cumprir objetivos sociais, que são vistos como (políticas) de esquerda", afirmou Mockus à BBC Brasil. Durante a campanha, Mockus já havia citado a política externa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva como modelo, principalmente para se relacionar com governos de posições antagônicas, como Venezuela e Estados Unidos. O candidato verde também disse acreditar que os eleitores colombianos votarão "a favor de um projeto e não contra alguém" neste domingo. "Não podemos perder essa oportunidade. As pessoas lembrarão que pela primeira vez não votou contra e sim a favor", afirmou Mockus, ao chegar à sua zona eleitoral em Bogotá, onde votou acompanhado dos filhos e da esposa. 'Preparado para vencer' Mockus, que é visto como uma das surpresas nestas eleições, disse estar "preparado" para vencer e que espera disputar o segundo turno das eleições, mas não descartou a possibilidade de que o pleito seja decidido ainda neste domingo. "Gostaria que se definisse hoje, mas depende de muita gente, dos camponeses, dos jovens, muitos vão ajudar a definir essas eleições cruciais", disse Mockus à BBC Brasil. Cercado de dezenas de simpatizantes que gritavam "Mockus presidente" e de jornalistas, o candidato defendeu o sistema democrático colombiano. "Durante muito tempo na Colômbia só votavam os que tinham propriedades, os homens, agora todos e todos podemos votar. Esse é o direito com o qual a sociedade escolhe seu rumo", afirmou Mockus em entrevista coletiva. O verde disse ainda considerar o voto "a única pesquisa real", alertou para possíveis "descuidos. Combate à corrupção "Cuidemos nosso voto, não nos confiemos que necessariamente haverá segundo turno", afirmou. Em meio a escândalos de corrupção e de envolvimento de políticos com paramilitares, Mockus se apresenta como o candidato que governará na legalidade e combaterá a corrupção. Ele vem sendo considerado o preferido dos eleitores jovens, como o estudante universitário Sebastián Prieto, de 18 anos, que votará pela primeira vez neste domingo. Prieto disse preferir Mockus porque o candidato "não pensa em consertar as consequências e sim as causas" dos problemas na Colômbia. "Uribe fez coisas boas, mas com métodos muito caros para o país", afirmou Prieto à BBC Brasil ao criticar o caso dos chamados "falsos-positivos". O caso, um dos escândalos que marcou a era Uribe, gira em torno de execuções extrajudiciais de jovens de baixa renda do campo e da cidade, assassinados e em seguida vestidos como guerrilheiros com o objetivo de inflar as estatísticas do Exército no combate aos grupos armados. Para a eleitora Luz Omaira Figueroa, engenheira de sistemas, Mockus "inspira honestidade, integridade." "É o que a Colômbia necessita". Resultados Os resultados das eleições serão divulgados a partir das 20h (22h, em Brasília). As Forças Armadas da Colômbia entraram em estado de alerta máximo para garantir a normalidade das eleições presidenciais, especialmente nos seis departamentos (estados) onde as guerrilhas têm mais influência. Mais de 130 mil homens, entre militares e policiais, foram destacados para garantir a segurança do processo eleitoral, que também será monitorado pela Organização de Estados Americanos (OEA) e por observadores colombianos. Em um pleito considerado histórico, que marca o fim da era Uribe, espera-se que o índice de abstenção seja inferior à média de 50% registrada nas eleições anteriores. O voto na Colômbia é facultativo. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.