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Lula ouve líder e busca isolar país

Embaixador não retorna ao país e Pinheiro Guimarães vai a Manágua

Por João Domingos e Tania Monteiro
Atualização:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva telefonou ontem por volta das 20 horas para o presidente hondurenho deposto, Manuel Zelaya, horas após anunciar a suspensão das relações com Honduras até que ele seja restituído ao cargo. O presidente Lula, que queria ouvir de Zelaya um relato sobre a situação no país, se solidarizou com o colega e manifestou apoio à manutenção da democracia no país. A conversa durou cerca de cinco minutos. Quando Lula ligou para Zelaya, o presidente deposto estava em Manágua para participar da cúpula extraordinária da Aliança Bolivariana para as Américas (Alba). Lula ordenou ao embaixador do Brasil em Tegucigalpa, Brian Michael Frases Neele, que fique fora do país, e despachou para Manágua o secretário-executivo e "número 2" do Itamaraty, Samuel Pinheiro Guimarães - que representará o Brasil na reunião conjunta emergencial da Alba e do Grupo do Rio. Lula disse pela manhã, no programa Café com o presidente, que não haverá contemporização com o governo instalado em Honduras, exercido por Roberto Micheletti. "Não podemos reconhecer qualquer governo que não seja o do presidente Zelaya, pois ele foi eleito pelo voto, cumprindo as regras da democracia." Lula disse que os países da América Latina não podem mais aceitar que alguém queira assumir o poder por um golpe. Para Lula, a condenação conjunta do golpe em Honduras por parte de todo o mundo é importante para mostrar que não haverá exceção quanto às exigências de respeito à democracia. Para ele, o novo governo de Honduras tem de ser isolado. "Temos de exigir a volta do governo eleito democraticamente". Para Lula, se Honduras não rever sua posição, "ficará totalmente isolada no meio de um contingente enorme de países democráticos". Lula deu pouca importância ao fato de Zelaya ter tentado realizar um referendo que lhe abrisse o caminho para a reeleição. "O que ele queria fazer? Queria fazer um referendo e o que um referendo tem de criminoso? Qual o medo de ouvir a vontade do povo?", indagou Lula.

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