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Lula pede tom moderado a Chávez

Telefonema é feito após venezuelano acusar EUA e Colômbia de orquestrar plano contra Unasul, que se reúne hoje

Por Ariel Palacios , BARILOCHE e ARGENTINA
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file://imagem/93/border.jpg:1.93.12.2009-08-28.7 Liderando os esforços para reduzir as tensões antes da reunião extraordinária de hoje da União das Nações Sul-Americanas (Unasul), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu ontem por telefone a seu colega venezuelano, Hugo Chávez, cautela e um tom moderado nos debates com o presidente colombiano, Álvaro Uribe. Vote na enquete: acordo militar EUA-Colômbia Veja especial sobre o governo de Hugo Chávez A reunião na cidade argentina de Bariloche, convocada para discutir o acordo que prevê a cessão do uso de pelo menos sete bases colombianas aos EUA, ocorre depois de Caracas ameaçar romper as relações diplomáticas com o país vizinho e Bogotá acusar o governo Chávez de querer intervir na Colômbia com um "projeto expansionista". O telefonema de Lula foi feito após Chávez publicar ontem uma longa carta no jornal argentino Página 12 na qual adverte os colegas sul-americanos de que os EUA e a Colômbia possuem um "plano político e militar orquestrado para acabar com a Unasul". Segundo a assessoria de imprensa de Lula, o presidente disse a Chávez que a cúpula é fundamental para consolidar a Unasul. Lula reiterou que é preciso sair do encontro com medidas concretas para a construção de confiança entre os países-membros. O presidente brasileiro disse que é prioritário fazer deste momento uma oportunidade para fortalecer mecanismos regionais como os conselhos sul-americanos de defesa e de combate ao narcotráfico. Chávez teria concordado com a visão de Lula sobre o tom que deve ser adotado em Bariloche e dito que a região pode sair fortalecida na sua capacidade de administrar temas importantes para os países envolvidos. Lula, que tentará utilizar seu prestígio de líder regional para reduzir a tensa disputa entre Venezuela e Colômbia, tomará café da manhã com Chávez, antes da reunião da Unasul. TAREFA ÁRDUA Contudo, a tarefa deve ser árdua. "A união e a independência de nossos países constituem uma ameaça aos que aspiram seguir controlando nossas riquezas naturais, nossa economia, nossa soberania", escreveu Chávez . "O império americano iniciou uma contraofensiva para impedir os avanços progressistas e democráticos na América Latina", acrescentou. Nos últimos dias, Chávez argumentou que a presença militar dos EUA na Colômbia coloca a região "à beira da guerra". Ontem, antes de partir para Bariloche, Chávez previu que a cúpula será difícil e complicada. Ele promete divulgar detalhes de um suposto documento secreto que revela as reais intenções do "imperialismo ianque" para a região. Segundo Chávez, o documento lhe foi entregue pelo ex-presidente cubano Fidel Castro. Por sua vez, Uribe acusou Chávez de "expansionismo" na região (referindo-se à influência do governo chavista na Bolívia e no Equador). O presidente colombiano deixou claro que responderá às recriminações de Chávez com pedidos de explicação sobre os recentes acordos militares da Venezuela com Rússia, China e Irã. Informações extraoficiais indicam que Uribe também pedirá ao Brasil explicações pela grande compra de armas acertada recentemente com a França. Um funcionário colombiano disse que seu país "não se sentará no banco dos acusados" durante a cúpula. O ministro da Defesa Gabriel Silva declarou que a Colômbia pedirá "respeito a sua soberania" e o chanceler Jaime Bermúdez disse que seu país não fará consultas aos líderes da Unasul. Em meio à troca generalizada de acusações, o presidente da Bolívia, Evo Morales, disse que pedirá a convocação de um referendo na América do Sul sobre a cessão das bases aos EUA. COLABOROU LEONENCIO NOSSA

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