23 de dezembro de 2010 | 00h00
Segundo o relatório, Dirceu disse ter sido enviado por Lula em uma reunião com John Danilovich, então embaixador americano em Brasília. O ex-chefe de gabinete brasileiro teria pedido que o presidente venezuelano "deixasse de brincar com fogo".
De acordo com o relatório enviado por Danilovich ao Departamento de Estado dos EUA, Dirceu teria ido a Caracas "levando a contundente mensagem de que Chávez deveria renunciar a sua retórica de provocações e se concentrar nos problemas internos de seu país". O embaixador explicou a Dirceu que a posição de Washington em relação a Chávez era a de não contestar o venezuelano para não precisar dar explicações. "As provocações de Chávez contra os EUA prejudicam os interesses nacionais da Venezuela e são motivos de preocupação para o Brasil e outros países vizinhos", escreveu Danilovich.
Ainda segundo o relatório, Dirceu teria prometido comunicar Chávez de que, não apenas a Casa Branca, mas os EUA, começavam a ver Caracas como um problema.
O embaixador ainda teria alertado o ex-ministro de que o silêncio brasileiro em relação ao líder venezuelano poderia criar a impressão de que haveria uma aliança Brasil-Venezuela da qual Chávez seria seu porta-voz.
Cuba. Dirceu ainda teria tratado da posição cubana em relação à Venezuela e argumentado que as tensões na América Latina não interessam a Havana, que "necessita de um ambiente de calmaria para trabalhar em soluções para sua frágil economia". De acordo com o documento, Dirceu teria dito que "se o governo dos EUA aliviasse o embargo em Cuba, a ilha seria irreconhecível em cinco anos".
O WikiLeaks começou a vazar no fim de novembro os mais de 250 mil documentos diplomáticos secretos obtidos pelo site, irritando Washington pelas revelações, que levaram à tona segredos e bastidores da política externa de Washington. / AP
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.