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Lula propõe à ONU grupo consultivo para crises internacionais

Atualização:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em reunião nesta segunda-feira com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, propôs a formação de um grupo consultivo para atuar em conflitos internacionais. Segundo o chanceler Celso Amorim, Lula falou também da necessidade de reforma da entidade. Amorim disse que o presidente mencionou que, além do trabalho formal que é desempenhado atualmente pela ONU, seria útil também reunir líderes de países em desenvolvimento em consultas sobre crises mundiais. "Não é um grupo paralelo institucional, permanente", disse Amorim, acrescentando que a proposta foi ouvida com atenção e anotada pelo secretário-geral da ONU. "A idéia é de que países em desenvolvimento possam contribuir e jogar um pouco de ar novo nessas negociações", disse Amorim. Sobre a reforma da ONU, Amorim disse que Lula mencionou a importância da atual Comissão de Construção da Paz, mas novamente afirmou que nenhuma reforma está completa sem envolver o Conselho de Segurança. O Brasil tem feito campanha para ocupar uma vaga permanente no Conselho de Segurança da entidade, atualmente formado por 15 membros, sendo cinco deles permanentes e com direito a veto: China, Estados Unidos, Rússia, Inglaterra e França. "O secretário-geral revelou compreensão, mas todos sabemos, e o presidente sabe, que é delicado para o secretário-geral dizer quem deve ser e quem não deve ser (do conselho)", disse Amorim. "Mas a importância da mensagem do presidente Lula é que nós temos que passar por uma fase de negociação, porque não é possível continuar, porque a própria ONU vai se desacreditar se continuar com a mesma estrutura de sua criação." Ainda no âmbito de política internacional, Lula chamou a atenção também para o Haiti e a importância da participação que o Brasil e outros países latino-americanos tiveram na restauração e na preservação da segurança do país caribenho. O presidente pediu, no entanto, que ela seja complementada com apoio verdadeiramente forte no desenvolvimento do Haiti. Ban elogiou os militares brasileiros que participam da força de paz da ONU no Haiti. "Eles têm dado uma grande contribuição em conseguir a estabilidade e a paz no Haiti", disse Ban, que também parabenizou o Brasil por seus esforços no Timor Leste e Guiné-Bissau. Lula respondeu dizendo que o Brasil continuará trabalhando com a ONU para ajudar nas missões de paz da entidade. O chefe da ONU também elogiou a política brasileira de biocombustíveis, mas disse que a comunidade internacional precisa discutir a questão da segurança alimentar, e também falou sobre a preocupação com a mudança climática e as medidas que estão sendo tomadas nessa área no Brasil. (Reportagem de Raymond Colitt)

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