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Lula reforçará relações com a Alemanha

Por Agencia Estado
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A visita que será feita segunda-feira pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao governo alemão em Berlim, deverá marcar o início de um aprofundamento ainda maior nas relações políticas e econômicas entre Brasil e Alemanha, já bastante consolidadas nos últimos anos. A avaliação é de especialistas, que apontam a coincidência ideológica entre os dois governos e o interesse estratégico mútuo como os principais motivos da aproximação que se verá entre os dois países nos próximos anos. Desde a fundação do Partido dos Trabalhadores (PT), o Partido Verde alemão, do ministro das Relações Exteriores, Joshka Fischer, e o Partido Social Democrata (SPD), do chanceler Gerhard Schroeder, deixaram claro suas afinidades com as idéias do partido brasileiro. "Agora, com o PT no governo, há uma lua-de-mel entre os alemães e o Brasil", afirma Berthold Zilly, um dos principais brasilianistas alemães, tradutor para o alemão da obra Os Sertões, de Euclides da Cunha, e professor do Instituto de Estudos Latino-Americanos da Universidade Livre de Berlim. Schroeder, que convidou Lula para um jantar de trabalho, foi o primeiro líder estrangeiro a felicitar o presidente brasileiro pelo resultado nas eleições no ano passado. Lula, de sua parte, já foi várias vezes a Berlim e discursou em fundações financiadas tanto pelo SPD de Schroeder como pelo Partido Verde. Mas o aprofundamento das relações que poderá acontecer vai além dos motivos ideológicos ou pessoais. Tanto o Brasil como a Alemanha consideram as relações entre os dois países com fundamentais em suas estratégias globais. O presidente Lula elegeu Alemanha como seu principal parceiro na União Européia (UE) e, portanto, um dos principais aliados no mundo desenvolvido. Para Brasília, Berlim se apresenta como seu aliado mais forte para conseguir acelerar as negociações para a criação de um acordo de livre comércio entre a UE e Mercosul. "Por não ser tão dependente do setor agrícola, os alemães estariam mais à vontade para abrirem seus mercados aos produtos brasileiros", afirma Zilly, que lembra que um dos principais objetivos comerciais do Brasil é conseguir acesso aos mercados para suas exportações. Na avaliação de Carlos Alberto dos Santos, do Departamento de Economia da Universidade Livre de Berlim, existe também a possibilidade de que os investimentos das empresas alemãs no Brasil aumentem nos próximos anos. Hoje, os alemães, que já estão no País há mais de cem anos, contam com investimentos de US$ 15 bilhões, 8% de todo o capital estrangeiro investido no Brasil. "As empresas estão dispostas. A concretização dos investimentos vai depender dos resultados da economia brasileira", afirma o economista. Já para a Alemanha, Brasil surge como o principal parceiro no mundo em desenvolvimento, lado a lado com a China. Na avaliação de Berlim, o País, caso esteja fortalecido, será uma peça fundamental para se evitar uma hegemonia total dos Estados Unidos nas Américas. Para os alemães, o Brasil é um ator importante no fortalecimento do multilateralismo defendido por Berlim. É por essa razão que, inevitavelmente, Lula e Schroeder deverão conversar sobre a ampliação do Conselho de Segurança da ONU que envolva os dois países. Outro tema que será fatalmente parte das conversas é a possibilidade de uma guerra contra o Iraque. Berlim já se pronunciou contra um ataque e deverá buscar um consenso com o Brasil sobre o tema. Além do jantar com Schroeder, Lula terá um encontro com o presidente da Alemanha, Johannes Rau. O presidente brasileiro ainda participará de uma recepção na embaixada do Brasil em Berlim. Na terça-feira, Lula parte para Paris, para a última fase de sua primeira passagem pela Europa como presidente. Veja o índice de notícias sobre o Governo Lula - Os primeiros 100 dias Veja o índice de notícias sobre a transição e a Presidência

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