Lula vai a Buenos Aires homenagear Néstor Kirchner

No velório, presidente brasileiro diz que ex-líder argentino foi o responsável por superar diferenças entre os dois países.

PUBLICIDADE

Por Marcia Carmo
Atualização:

Para Lula, "Kircher vai continuar governando junto com Cristina" O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, foi a Buenos Aires na noite desta quinta-feira para participar do velório do ex-presidente argentino Néstor Kirchner, que morreu na quarta-feira. "Para o Brasil e para mim pessoalmente, foi com muita dor que recebi a notícia da morte de Kirchner. Sua eleição, em 2003, permitiu que a Argentina e o Brasil conseguissem superar suas diferenças", disse Lula. "O preconceito diplomático e empresarial deixou de existir durante os nossos mandatos. Ficamos adversários só no futebol, não mais na economia e na política." Ao lado da viúva e atual presidente Cristina Kirchner, o brasileiro afirmou, com os olhos marejados, que tinha certeza de que ela e todo o país vão se recuperar dessa dor. "Kirchner vai continuar governando a Argentina ao lado de Cristina", afirmou. Líderes latinos Lula passou cerca de uma hora no velório do ex-presidente, que está sendo realizado na Casa Rosada, sede do governo argentino. Durante a maior parte do tempo, ele esteve ao lado de Cristina e do presidente venezuelano, Hugo Chávez. O colombiano Manuel Santos e Fernando Lugo, presidente do Paraguai, também compareceram ao funeral durante a noite. Ao embarcar de volta para o Brasil, Lula lembrou que Kirchner foi o responsável por recuperar a auto-estima e o emprego dos argentinos. "Eu disse a ela que os homens morrem, mas as ideias não." Cristina Kirchner, vestida de negro e de óculos escuros, chegou ao local na manhã da quinta-feira, acompanhada pelos filhos do casal, Florencia, de 19 anos, e Máximo, de 32 anos. Pouco depois, outros líderes da região foram cumprimentá-la no velório. Entre eles os presidentes da Bolívia, Evo Morales, do Equador, Rafael Correa, e do Chile, Sebastián Piñera. "Eu me sinto órfão. Contei com Kirchner todas as vezes que precisei e nos piores momentos da política do meu país", disse Morales. Multidão Desde que a morte de Kirchner foi anunciada, milhares de pessoas começaram a se dirigir até a Casa Rosada, para se despedir do ex-presidente. O corpo está sendo velado no salão dos patriotas da Casa Rosada. Tradicionalmente, velórios de autoridades ocorrem no Congresso Nacional - esta é a primeira vez que um ex-presidente é velado na sede da presidência argentina. Muitos dos presentes, ao se aproximarem do caixão, se benzem, jogam beijos ou aplaudem. Alguns, aos prantos, dizem: "força, força". Outros, com uma mão no peito, erguem a outra para o alto com o sinal da vitória, gesto característico do ex-presidente. Outros levam a bandeira do país pendurada nas costas e deixam o velório gritando: "Olé, olé, olé, Néstor, Néstor". O Papa Bento 16, a chanceler da Alemanha, gela Merkel, e o presidente dos Estados Unidos, mandaram condolências pela morte do ex-presidente, que governou o país entre 2003 e 2007 e que era apontado, por analistas, como a "coluna vertebral" e "a cabeça" do governo da esposa. "Néstor Kirchner contribuiu para o país se recuperar de uma profunda crise", disse Merkel. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.