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Macau decidirá se libera contas norte-coreanas, dizem EUA

Decisão irrita China pois país acredita que o não descongelamento bancário, uma das exigências de Pyongyang, pode prejudicar as negociações nucleares

Por Agencia Estado
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Uma questão sobre contas bancárias da Coréia do Norte provocou nesta quinta-feira, 15, uma divisão entre Estados Unidos e China. O governo de Pequim está irritado com a decisão norte-americana que, segundo os chineses, prejudica as negociações sobre o fim da ameaça nuclear de Pyongyang. A medida dos EUA permitirá que Macau, centro de cassinos controlado pela China, decida se vai liberar um valor estimado entre US$ 8 milhões e US$ 12 milhões em contas congeladas. O enviado norte-americano, Christopher Hill, disse que a decisão sobre contas norte-coreanas congeladas no Banco Delta Asia (BDA), em Macau, ajudará a avançar o acordo que obriga Pyongyang a fechar o principal reator do seu programa de armas nucleares. "Acho que cumprimos o que precisávamos fazer", disse Hill a repórteres sobre a decisão. "Acho que vamos chegar a uma situação em que o BDA não representará um bloqueio ao processo entre seis países." O acordo entre os seis países - as duas Coréias, os EUA, a China, o Japão e a Rússia - dá 60 dias para Pyongyang fechar o reator de Yongbyon em troca de ajuda em energia e promessas de segurança. Os EUA prometeram também estudar dentro de 30 dias as reclamações da Coréia do Norte sobre a ação financeira. Sob a medida, o Departamento do Tesouro dos EUA proíbe que bancos norte-americanos façam negócios com o BDA. Negócios ilícitos O anúncio do Tesouro assinala o final de 18 meses de investigação sobre o banco, que os EUA afirmam ser usado para "lavagem" de negócios ilícitos da Coréia do Norte. Mas a China, que trabalhou ao lado de Hill nas negociações de desarmamento, criticou com firmeza a decisão dos EUA, elevando o risco de disputa antes da próxima rodada de debates de desarmamento, em Pequim, na próxima semana. "Manifestamos nosso pesar com a decisão dos EUA de insistir em usar a lei doméstica norte-americana na aplicação de uma decisão", disse em coletiva de imprensa o porta-voz do Ministério do Exterior chinês, Qin Gang. O porta-voz, visivelmente abatido, disse que a China quer que qualquer decisão sobre as contas norte-coreanas ajudem a proteger a estabilidade financeira e social de Macau e incentiva as negociações entre os seis países, que ficaram mais de um ano paradas devido à irritação de Pyongyang com as medidas. "O motivo pelo o qual a China manifesta pesar é porque temos duas preocupações e elas deveriam ser levadas em conta totalmente", disse Qin, sem elaborar muito sobre as preocupações. A autoridade monetária de Macau também lamentou a decisão dos EUA e disse que adotará as medidas necessárias para manter a estabilidade econômica. A ação bancária é o mais novo elemento no furor diplomático antes das negociações de segunda-feira destinadas a implementar a primeira fase do plano de desarmamento antes do final do prazo de 60 dias. O chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Mohamed ElBaradei, está em Pequim nesta quinta-feira, depois de visita à Coréia do Norte, onde negociou a volta dos inspetores nucleares. ElBaradei disse que a Coréia do Norte está disposta a admitir a entrada de inspetores, pela primeira vez desde 2002, com a condição de que a disputa bancária seja resolvida.

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