PARIS - O presidente francês, Emmanuel Macron, declarou nesta terça-feira , 16, que a França não deixará que surja uma nova forma de 'Selva' em Calais, referindo-se ao enorme acampamento informal de imigrantes, desmantelado há mais de um anono norte do país.
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“Tudo está sendo feito para tornar a passagem ilegal em Calais para o Reino Unido impossível”, disse Macron em um discurso às forças policiais. O presidente também pediu uma política europeia coerente e enfatizou as inconsistências da política europeia de asilo, cujas consequências são sentidas em vários casos em Calais.
"É preciso tratar de forma mais adequada os casos dos menores desacompanhados, reforçar a cooperação policial em Calais e desenvolver um fundo para apoiar projetos importantes", pontuou o presidente.
Paris planeja uma revisão dos acordos de Touquet, que estabelece desde 2004 a fronteira em Calais. O governo britânico está pronto "para ouvir os argumentos" de Paris, segundo fontes citadas pelas imprensa.
Macron vai se reunir com a primeira-ministra britânica Theresa May na quinta-feira. Na ocasião, Paris espera pedir aos britânicos "ajuda para fazer Calais se desenvolver e assumir a responsabilidades por um certo número de migrantes", segundo apontou o ministro do Interior Gérard Collomb.
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O presidente francês também aproveitou a ocasião nesta terça para criticar o sistema de Dublim, segundo o qual o país competente para determinar se deve ou não dar asilo a um refugiado é aquele em que as impressões digitais do refugiado foram tomadas pela primeira vez.
O sistema de Dublin "está cheio de inconsistências, mas, em qualquer caso, atualmente não é satisfatório", disse.
Macron também visitou um centro de acolhimento de migrantes em Croisilles (norte), que recentemente abriu suas portas para acomodar estrangeiros que aguardam uma decisão administrativa sobre sua situação.
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Acompanhado por quatro de seus ministros, incluindo o ministro do Interior, Gérard Collomb, e a ministra da Justiça, Nicole Belloubet, o chefe de Estado francês também se reuniu com eleitos locais, atores econômicos e associações que ajudam os migrantes. A situação no principal porto francês onde se cruza o Canal da Mancha é menos crítica do que 14 meses atrás, antes do fechamento da "Selva", que chegou a ter 8 mil migrantes.
Entre 350 e 500 migrantes, de acordo com o Estado, permanecem em Calais, onde vivem em condições difíceis. A maioria vem de países como Etiópia, Eritreia e Afeganistão. / AFP