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Macron chega à presidência com conjuntura econômica favorável na França

Novo presidente assumirá o país com crescimento econômico ascendente, atividade do setor privado em expansão, perspectivas dos investidores positivas e o desemprego em tendência geral de queda

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Por Redação
Atualização:

PARIS - O presidente francês eleito no domingo, Emmanuel Macron, se beneficiará de uma conjuntura econômica mais favorável e de um ambiente positivo para os negócios, apesar de a incerteza sobre as eleições legislativas talvez limitar sua margem de manobra.

Embora continue sofrendo dos mesmos males, a economia francesa se beneficiou de uma pequena recuperação nos últimos meses. O crescimento continua ascendente, a atividade do setor privado está em expansão, as perspectivas dos investidores são bastante positivas e o desemprego continua em uma tendência geral de queda, apesar do aumento de março. 

Macron deve ser favorecido pelo cenário econômico francês, mas terá desafios políticos para implementar reformas Foto: REUTERS/Philippe Wojazer

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Com seu programa de supressão de empregos públicos, redução de gastos, corte de impostos para as empresas ou simplificação da legislação trabalhista, Macron é um alívio para os defensores do liberalismo econômico e da integração europeia.

 As "Macronomics" começam, avaliaram os analistas do banco americano Morgan Stanley, unindo as palavras "Macron" e "economics" (economia), uma agenda favorável ao mercado, "moderada e progressiva" e também "pró-europeia". Também afirmaram que seu projeto de reforma do mercado de trabalho será crucial.

Macron, entretanto, dirigirá um país dividido pelo auge da extrema direita de Marine Le Pen, sua rival no segundo turno das eleições presidenciais.

Ele atualmente não conta com maioria parlamentar, razão pela qual os franceses "estão pouco motivados [com Macron] apesar do resultado do novo presidente", apontam os analistas da Mirabaud Securities Genebra.

"Embora a classe política europeia tenha suspirado aliviada, isso não esconde a insatisfação dos franceses, visto que cerca da metade dos eleitores votaram em um partido antiglobalização", destaca Michael Hewson, economista-chefe da CMC Markets.

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"Uma coisa é querer suprimir 120 mil empregos públicos, cortar € 60 bilhões de gasto público e voltar a 7% de desemprego, mas fazer isso valer no Parlamento francês será outra coisa", estima Hewson.

"Seu programa pode devolver à França um crescimento mais forte, mas é possível que em junho não obtenha mais do que uma escassa maioria. A parte positiva é que as últimas evoluções sugerem que o Republicanos (a direita tradicional) apoiará a maioria de suas iniciativas", segundo Marion Amiot, da Oxford Economics.

O teste de viabilidade da "Macronomics" acontecerá em 11 e 18 de junho nas eleições legislativas em um contexto político novo na França. 

Os candidatos das duas grandes correntes que dominaram a vida política francesa há décadas, os socialistas e a direita tradicional, ficaram de fora do 2º turno e muitos dos seus dirigentes se uniram a Macron.

O movimento do presidente eleito, "En Marche!", ainda não demonstrou sua capacidade de ganhar as legislativas. Por sua vez a Frente Nacional de Marine Le Pen, que em razão do sistema eleitoral não tem a base parlamentar que corresponderia ao número de seus eleitores, tentará transformar-se em um partido de oposição.

Votação-chave. Nesse contexto de recomposição política, "o voto é crucial e determinará a capacidade do novo presidente para implementar seu programa", analisa Kit Nicholl, do gabinete IHS Markit.

"Para governar eficazmente, Macron precisa de uma maioria parlamentar [289 cadeiras ou mais na Assembleia Nacional], mas a probabilidade de que seu governo consiga, partindo de zero, é fraco", prevê. 

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Laurence Boone, responsável de Pesquisa e Estratégia de Investimentos na AXA Investment Managers, foi conselheira econômica do presidente François Hollande e de Macron, e acredita que o novo presidente tem chances de alcançar maioria. 

"Apesar do caráter inabitual dessa eleição presidencial, os franceses têm uma tendência histórica a favorecer o partido do presidente eleito", lembrou. 

Em qualquer caso, "para os investidores estrangeiros, os três cenários (maioria absoluta, maioria relativa ou maioria para a direita tradicional) são relativamente positivos porque deveriam gerar reformas estruturais que reforcem o crescimento potencial" da economia francesa, segundo Laurence. / AFP

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