Macron diz que primeiro-ministro da Austrália mentiu para firmar aliança com Reino Unido e EUA 

Presidente da França reforçou que mais esforços são necessários para reconstruir a confiança entre os países após desentendimento que inclui compra de submarinos

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Por Redação
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O presidente francês, Emmanuel Macron, disse que o primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, mentiu para ele sobre o cancelamento de um contrato de construção de um submarino em setembro, e indicou que mais esforços são necessários para reconstruir a confiança entre os dois aliados.

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Em Roma, para a cúpula do G-20, os dois líderes se reuniram pela primeira vez desde que a Austrália cancelou o acordo multibilionário com a França como parte de uma nova aliança de segurança com o Reino Unido e os Estados Unidos, revelada em setembro.

A aliança, apelidada de AUKUS, que poderia dar à Austrália acesso a submarinos com propulsão nuclear, pegou Paris desprevenida, levando-a a chamar de volta os embaixadores de Washington e Canberra em meio a acusações de que havia sido traída.

O presidente da França, Emmanuel Macron, conversou sobre a crise diplomática com a Austrália.Foto: AFP/Ludovic Marin Foto:

"Eu não acho, eu sei", disse Macron em resposta a uma pergunta se ele pensava que Morrison havia mentido para ele. "Tenho muito respeito pelo seu país", disse ele em comentários no domingo, 31, a um grupo de repórteres australianos que viajou à Itália para a cúpula dos líderes das 20 maiores economias.

"Tenho muito respeito e muita amizade pelo seu povo. Só digo que quando temos respeito, você tem que ser verdadeiro e se comportar de acordo, e de forma consistente, com esse valor”, reforçou.

Por outro lado, Morrison disse em uma entrevista coletiva no mesmo dia que não mentiu e que havia explicado anteriormente a Macron que os submarinos convencionais não atenderiam mais as necessidades da Austrália.

Morrison e Macron conversaram na semana passada antes que o primeiro-ministro australiano procurasse publicamente um acordo com seu homólogo francês na reunião do G-20.

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Na última segunda-feira, 27, O vice-primeiro-ministro australiano, Barnaby Joyce, pediu à França para ver o assunto em outra perspectiva. "Não roubamos uma ilha, não desfiguramos a Torre Eiffel. Foi um contrato", disse.

"Os contratos têm termos e condições, e um desses termos, condições e proposições é que você pode sair do contrato”, reforçou.

Joyce falou poucas horas antes de a chanceler australiana, Marise Payne, se encontrar com o embaixador da França em Canberra. Payne disse que sua reunião de uma hora se concentrou nos esforços para reparar o relacionamento.

Na sexta-feira, 29, o presidente dos EUA, Joe Biden, disse que o tratamento do novo pacto foi desajeitado, acrescentando que ele pensava que a França havia sido informada do cancelamento do contrato antes do anúncio do pacto. /REUTERS

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