Macron escolhe jornalistas que o acompanharão em viagem ao Mali e causa problema com imprensa

Representantes de mais de 20 meios de comunicação assinaram uma carta aberta na qual expressam ‘preocupação’ com a estratégia de comunicação do novo presidente francês

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Por Redação
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PARIS - O recém-eleito presidente francês, Emmanuel Macron, tentou diminuir nesta sexta-feira, 19, as tensões com a imprensa francesa após ter escolhido a dedo quais jornalistas poderiam acompanhá-lo em uma viagem ao Mali.

Representantes de 25 organizações de jornalistas e grandes veículos de imprensa, como os canais de notícias BFM e TF1 e os jornais Le Monde e Le Figaro, assinaram na véspera uma carta aberta expressando "preocupação" com a estratégia de comunicação de Macron.

Emmanuel Macron, de 39 anos, afirmou que tentaria manter distância da imprensa, a fim de restaurar a autoridade do cargo de presidente Foto: AFP PHOTO / POOL / STEPHANE DE SAKUTIN

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"Não corresponde em hipótese alguma ao Eliseu escolher quem, entre nós, tem direito ou não de cobrir uma viagem, qualquer que seja o tema", declara a carta.

O porta-voz presidencial, Sylvain Fort, afirmou que "em um ou dois casos" foram contactados diretamente jornalistas em razão das limitadas vagas disponíveis para viajar com Macron ao Mali. Outros assistentes já haviam descrito a escolha de profissionais como uma forma de incluir na viagem "especialistas" em vez dos repórteres políticos que normalmente acompanham o presidente.

"Os jornalistas que estão preocupados podem se acalmar: o Eliseu não pretende fazer o trabalho das redações", afirma um comunicado da presidência enviado à organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), que também assinou a carta aberta.

Macron, de 39 anos, afirmou que tentaria manter distância da imprensa, a fim de restaurar a autoridade do cargo de presidente que, segundo ele, se viu degradada pelos contatos mantidos por seu antecessor François Hollande com os meios de comunicação. O ex-presidente costumava falar com repórteres "em off", mas se viu afetado por um livro publicado no fim de seu mandato por dois jornalistas com base em suas conversas.

Acostumado a aparecer em revistas populares e ser onipresente na televisão durante a sua campanha, Macron tem se mantido muito mais discreto, a fim de manter o foco em suas prioridades. No domingo, ele pediu aos jornalistas que deixassem a sala de imprensa do Eliseu logo após a posse, e durante a sua primeira reunião de gabinete na quinta-feira manteve os repórteres à distância.

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O porta-voz do governo, Christophe Castaner, disse em coletiva de imprensa que os ministros também tinham ordens para não filtrar informações aos jornalistas. / AFP

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