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Maduro anuncia prisão de 2 americanos por invasão frustrada e Trump nega envolvimento

Em pronunciamento na TV, presidente venezuelano exibe documentos que seriam dos acusados, além de 'material de guerra' dos EUA e da Colômbia

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Por Redação
Atualização:

CARACAS - Dois americanos foram capturados na Venezuela na segunda-feira acusados de envolvimento em uma "invasão" fracassada do mar no domingo, que deixou 15 detidos em 48 horas, disse o presidente venezuelano, Nicolás Maduro. O Ministério Público acusou o líder opositor Juan Guaidó de contratar "mercenários" com dinheiro venezuelano retido pelos EUA. 

"Dois membros da segurança" do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foram presos pelas autoridades, declarou Maduro diante do alto comando das Forças Armadas, em uma mensagem exibida na televisão, sem apresentar provas de que os dois trabalham para o governo americano. 

Nicolás Maduro apresenta documentos e 'material de guerra' que ele diz terem sido apreendidos durante tentativa de invasão Foto: Miraflores Palace/Handout via Reuters

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Os homens foram identificados como Luke Denman, de 34 anos, e Airan Berry, de 41, pelo presidente chavista, que exibiu seus passaportes e outros documentos no canal estatal VTV. Maduro também mostrou "material de guerra dos Estados Unidos e Colômbia, capacetes militares e equipamentos de comunicação".

O presidente americano negou nesta terça-feira, 5, que seu governo esteja vinculado à suposta tentativa de golpe para derrubar Maduro. "Não tem nada a ver com o nosso governo, mas acabo de receber a informação sobre isso, e vamos investigar. Estamos preocupados, mas de qualquer forma, vamos informá-los, só não tem nada a ver com o nosso governo", declarou Trump à imprensa nos jardins da Casa Branca, sobre o pronunciamento do venezuelano.

Após duas detenções no domingo, 13 pessoas foram detidas na segunda-feira, afirmou o presidente venezuelano. 

Algumas horas antes, o Ministério Público da Venezuela acusou o opositor Juan Guaidó de contratar "mercenários" com recursos do país bloqueados pelos EUA para realizar uma tentativa de "invasão". 

"Mercenários contratados" fecharam "contratos" de US$ 212 milhões com dinheiro "roubado da estatal petroleira venezuelana PDVSA" e de contas do país que foram bloqueadas por outros países, comentou à imprensa o procurador-geral venezuelano, Tarek William Saab. 

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Saab vinculou o caso a um ex-militar americano identificado como Jordan Goudreau. "Aqui vemos as assinaturas (...) do cidadão Juan Guaidó" e "do próprio Jordan Goudreau", disse o procurador, fazendo referência a uma foto do suposto contrato, divulgada por uma jornalista venezuelana que mora em Miami, Patricia Poleo.

Saab também divulgou um vídeo de Goudreau, o fundador de uma empresa de segurança e defesa chamada Silvercorp USA, no qual o ex-oficial militar garante que uma operação contra o governante socialista Nicolás Maduro estava em andamento. 

Denman e Barry foram vinculados a esta empresa por Maduro, que atribuiu o plano a Trump e ao presidente colombiano, Iván Duque.

No domingo, o governo denunciou uma tentativa de "invasão de mercenários" que deixaram a Colômbia e tentaram entrar na costa de Macuto, Estado de La Guaira (norte), a cerca de 40 minutos de Caracas por terra. 

Oito "terroristas" morreram e dois foram presos, informou o número dois do chavismo, Diosdado Cabello. Cabello informou na segunda-feira que aconteceram novas detenções na região costeira de Chuao. 

Uma das pessoas detidas, de acordo com a versão do governo, é o capitão dissidente Antonio Sequea, que esteve entre os 30 militares que se organizaram contra Maduro, em 30 de abril de 2019, com apoio de Guaidó e seu mentor político, Leopoldo López, que na data escapou da prisão domiciliar.

Outro é Josnars Adolfo Baduel, filho do general Raúl Baduel, velho aliado do falecido presidente Hugo Chávez, que está preso desde 2017 e que permaneceu detido entre 2009 e 2015. 

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Segundo o procurador Saab, durante tentativa de "invasão" foram apreendidas armas da oposição roubadas da sede do Parlamento em 30 de abril do último ano, quando um grupo de soldados se revoltou, com o apoio de Guaidó. 

O Ministério Público abriu várias investigações contra Guaidó, reconhecido por quase 50 países como presidente interino da Venezuela, mas não emitiu um mandado de prisão. "A Justiça chegará mais cedo ou mais tarde", afirmou Saab. 

Em uma declaração de sua equipe de imprensa, Guaidó negou as acusações, rejeitando qualquer "envolvimento" com empresas de segurança privada. 

Saab informou que existem 114 presos e 92 pessoas procuradas para serem presas por planos contra Maduro e o governo chavista desde que houve um ataque com drones repletos de explosivos durante um ato militar em 2018./AFP e EFE  

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