O chanceler venezuelano, Nicolás Maduro, discutiu ontem com o Brasil um plano de paz para a resolução da crise entre o regime de Hugo Chávez e a Colômbia. Maduro encontrou-se em Brasília com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o secretário-geral do Itamaraty, Antônio Patriota. Maduro deu início, pelo Brasil, a um rápido giro pelos países vizinhos, com o objetivo de discutir um plano de paz que deve ser apresentado na quinta-feira, na reunião da União das Nações Sul-Americanas (Unasul), em Quito. A reunião foi convocada de forma urgente depois que o presidente venezuelano, Hugo Chávez, rompeu relações diplomáticas com a Colômbia após a acusação de Bogotá de que líderes da guerrilha Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) estavam em território venezuelano."Queremos iniciar aqui no Brasil uma rede para conversar amplamente com todos e informar aos governos do continente sobre as circunstâncias deste problema. Há a necessidade de um plano para consolidar a paz na região", disse Maduro à imprensa após uma reunião de mais de duas horas com o presidente Lula. "Como todos sabem, nosso governo é de paz, com vocação sul-americanista, latino-americanista", disse Maduro, após sair da reunião no Centro Cultural Banco do Brasil, sede provisória do governo, enquanto o Palácio do Planalto passa por reformas. "O presidente Chávez é um combatente pela união e integração (sul-americana)", acrescentou o chanceler.Maduro viaja hoje para Buenos Aires para se reunir com a presidente Cristina Kirchner e Néstor Kirchner, atual presidente da União de Nações Sul-Americanas (Unasul). Maduro deve viajar ainda para Chile, Peru, Paraguai, Uruguai e Bolívia para "ampliar a informação" e "levar uma mensagem do presidente Chávez" às autoridades desses países. Segundo ele, o objetivo da viagem é colocar em pauta um plano de paz para tratar da tensão entre Venezuela e Colômbia. "Estamos trabalhando para construir a confiança entre os dois países e manter a tranquilidade até a transmissão do poder na Colômbia", afirmou Patriota, que substitui o chanceler Celso Amorim, que realiza um tour pelo Oriente Médio. Chávez rompeu as relações diplomáticas da Venezuela com a Colômbia depois que o embaixador colombiano na Organização de Estados Americanos (OEA) apresentou denúncias sobre a presença de guerrilheiros das Farc em território venezuelano. A tensão entre vizinhos aumentou às vésperas da posse do presidente eleito da Colômbia, Juan Manuel Santos, no dia 7.Em entrevista ao jornal El tiempo, de Bogotá, o presidente colombiano, Álvaro Uribe, disse que não entende por que "existindo tanta clareza nas normas do direito internacional, esses terroristas (das Farc)ainda não tenham sido capturados".