SAN JOSÉ - A ex-procuradora-geral da Venezuela, a chavista dissidente Luisa Ortega Díaz, disse nesta segunda-feira, 28, na Costa Rica que tem provas de um caso em que o presidente Nicolás Maduro desviou entre US$ 8 milhões e US$ 10 milhões em dinheiro vivo do Fisco para repassá-los a uma empresa.
Segundo Ortega, para a “milionária trama de corrupção” se utilizou “como fachada a empresa venezuelana Contextus Comunicação Corporativa”, de Mónika Ortigosa, uma parente de um membro da Constituinte. Ela disse ter entregue provas deste e de outros casos a promotores americanos.
A ex-procuradora chegou hoje à Costa Rica e não revelou os detalhes da sua agenda de atividades no país por motivos de segurança. Ela acusou o chavismo de contratar matadores de aluguel para assiná-la por denunciar casos de corrupção do governo.
“Venho especificamente para denunciar à Procuradoria da Costa Rica e à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) que estou sendo perseguida e o governo contratou capangas para acabar com minha vida”, disse ela em San José. “O mesmo acontece com procuradores aqui na Costa Rica.” Ela chegou ontem ao país centro-americano, que é sede da CIDH – braço para direitos humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA).
Na semana passada, ela esteve no Brasil, depois de fugir da Venezuela para a Colômbia, passando por Aruba. Em Brasília, Ortega detalhou acusações de corrupção contra Maduro e o número dois do chavismo, o deputado constituinte Diosdado Cabello. A ex-procuradora-geral disse que o caso de corrupção envolvendo Cabello e a Odebrecht passa de US$ 100 milhões.
Segundo Ortega, seu objetivo é lançar uma “cruzada continental” para denunciar o chavismo. “Não é possível fazer Justiça na Venezuela, principalmente em casos de direitos humanos e corrupção”, concluiu. O chavismo ainda não respondeu às acusações da dissidente. Ela foi destituída no dia 5 pela todo-poderosa Assembleia Nacional Constituinte. / AFP e EFE