07 de janeiro de 2013 | 18h21
CARACAS - O vice-presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse nesta segunda-feira, 7, que a oposição ao presidente Hugo Chávez receberá uma "lição histórica" se realizar a greve nacional que estaria sendo planejada para quinta-feira - dia em que deve ocorrer a posse presidencial.
Convocada por meio das redes sociais por opositores residentes nos Estados Unidos, a chamada "greve cívica nacional", segundo Maduro, "fracassará como ocorreu" com a paralisação que há dez anos foi feita para forçar a renúncia de Chávez. "Vão sair derrotados novamente. Se a oposição, a direita, está convocando uma nova greve cívica nacional a partir de 10 de janeiro, nosso país vai responder com trabalho e mais trabalho. A resposta de nossa classe operária será trabalhar, lutar e ir às ruas. A resposta será milhões de crianças nas escolas."
O vice-presidente, que assumiu o governo após o líder bolivariano ir para Cuba passar por uma cirurgia de câncer, disse que opositores em Miami "começaram, em vídeos, a convocar uma greve cívica" pois "estão enlouquecidos". "Eles estão se aproximando do que chamamos hora louca. Ao tribunal supremo midiático da direita, que gosta de manipular com mentiras, dizemos: deixem essa choradeira de greve cívica, porque este povo vai dar uma lição histórica superior a de dez anos atrás", afirmou.
A suposta greve seria um ato contra a possibilidade de Maduro seguir como vice-presidente do país a partir de 10 de janeiro, quando começa o mandato de 2013 a 2019, vencido por Chávez nas eleições de 7 de outubro.
Maduro pediu que os seguidores do governo combatessem em "todas as instâncias a direita", marcada por "ignorância suprema da Constituição e maldade". O vice-presidente repetiu que apesar da doença, Chávez "está em uso absoluto e em desenvolvimento de todas suas funções como presidente" e que o ato de posse de quinta-feira, no qual deverá jurar o cargo, é um "formalismo" que será realizado quando ele retornar.
A oposicionista Mesa da Unidade Democrática (MUD) considera que Maduro usurpará as funções presidenciais se o Executivo não ficar desde quinta-feira nas mãos do presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, caso Chávez não possa comparecer à posse.
Bispos
Os bispos católicos venezuelanos advertiram nesta segunda-feira que há um "grave risco" para a estabilidade do país e pediram para a Constituição não ser manipulada. "Está em grande risco a estabilidade política e social da nação, este é um momento difícil e incerto com características que traçam uma complexa situação que poderia levar o país a uma encruzilhada perigosa", declarou o presidente da Conferência Episcopal Venezuelana (CEV), Diego Padrón, arcebispo de Cumaná.
Padrón afirmou que "a população está confusa, e uma boa parte dela chateada pois, apesar dos mais de 25 comunicados sobre o estado de saúde do primeiro magistrado, até hoje não recebeu oficialmente nenhum boletim médico venezuelano". "O governo não disse ao povo toda a verdade à qual tem todo o direito de acessar da maneira correta, apenas comunicou com evidente dificuldade sua verdade política."
Com informações da Efe
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