Ao nomear Nicolás Maduro seu sucessor - antes de embarcar para Cuba pela última vez, no início de dezembro -, o presidente Hugo Chávez fez com que seus partidários superassem divisões internas, o que unificou os chavistas em torno de um único nome para disputar as eleições presidenciais convocadas em razão da ausência do líder. Em resposta, a oposição também tenta evitar fragmentações. Analistas políticos venezuelanos concordam que não haverá surpresas quanto aos candidatos à presidência, explicando que a indicação de Chávez é "incontestável" e o resultado obtido por Henrique Capriles na disputa presidencial que perdeu em 7 de outubro - mas obtendo quase 45% dos votos - e sua posterior vitória na votação que o elegeu governador do Estado de Miranda garantem que ele seja o candidato "lógico" da oposição."Dentro de todo movimento político há tensões, lutas, disputas - porque, senão, isso não seria política. No entanto, no caso do chavismo, com a morte de Chávez, é como se houvesse morrido o pai da família. Todos os irmãos, ainda que estejam brigados, se juntam e a família fica unida e muito sólida. Como o presidente teve a inteligência de, antes de se submeter à última cirurgia, pedir votos para Maduro, na possibilidade de sua ausência, deixou tudo muito claro para os chavistas", disse o cientista político Oscar Reyes, consultor da oficialista VTV.Na opinião do analista e do diretor do instituto de pesquisas Datanálisis, Luis Vicente León, os mais de 6,5 milhões de votos obtidos por Capriles na última eleição presidencial o tornam o mais provável candidato da oposição. León lembrou que, entre os antichavistas, o governador de Miranda tem 72% de apoio. "Seria irreal que ele não fosse o candidato", disse o chefe do centro de sondagens eleitorais.Reyes alertou, porém, que, caso queira conquistar a presidência da Venezuela, Capriles teria de mudar seu discurso. "Entre o povo venezuelano, nem ricos nem pobres querem se submeter a um pacote neoliberal", disse Reyes, sugerindo que o opositor deveria apresentar um programa social-democrata."Seja quem for, o vencedor não terá como evitar três questões: o combate à violência, a dependência do petróleo e o fortalecimento da indústria", disse Reyes.Semelhança. O cientista político Sadio Garavini di Turno, da Universidade Central da Venezuela (UCV), vê outro problema em comum entre chavistas e opositores, uma vez que qualquer uma das partes assuma a presidência. Para o analista, a união que ambos os lados tentam consolidar internamente tende a se dissipar durante o governo. "Mas isso é especulação", disse. O analista afirmou que, graças ao apelo emocional da morte de Chávez, Maduro tem uma "clara vantagem" na disputa pela presidência da Venezuela.