29 de janeiro de 2013 | 02h02
O vice-presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, apresentou ontem durante a reunião da Cúpula dos Estados da América Latina e Caribe (Celac) em Santiago, no Chile, uma carta assinada pelo presidente Hugo Chávez, internado em Cuba desde 11 de dezembro. No texto, o líder bolivariano lamentou não ter comparecido à reunião e elogiou o governo cubano, que assumiu a presidência do órgão.
A carta, com a rubrica de Chávez em tinta vermelha, pede também uma maior atenção à aplicação de uma agenda energética comum à região e o aumento de gastos sociais como forma de contornar a crise financeira internacional. Chávez condenou ainda o bloqueio imposto pelos Estados Unidos a Cuba e a militarização britânica das Ilhas Malvinas (Falkland, para os ingleses).
"Lamento não poder comparecer a essa reunião. Como é de conhecimento de todos, desde dezembro estou batalhando outra vez por minha saúde na Cuba revolucionária", escreveu o presidente. "Por isso, essas linhas são uma maneira de reafirmar mais do que nunca o compromisso vivo e ativo da Venezuela com a causa histórica da união."
A leitura da carta, que foi adiada duas vezes no fim de semana, foi criticada no domingo pela oposição venezuelana. Henrique Capriles, governador do Estado de Miranda e principal líder opositor, afirmou que o governo "mente descaradamente" a respeito das condições do presidente, internado em Cuba desde o dia 11 de dezembro. "Uma pessoa que pode assinar cartas e pode fazer piadas não pode falar ao país? Então, alguém está mentindo descaradamente", reagiu Capriles.
Chávez não é visto publicamente desde 9 de dezembro, quando designou Maduro seu sucessor e anunciou a recidiva do câncer. Ao contrário do que ocorreu em outras cirurgias, quando se comunicou com os venezuelanos por meio de telefonemas e mensagens em redes sociais, Chávez tem se mantido em silêncio desde que foi internado em Havana.
Ministros chavistas que estiveram em Cuba nos últimos dias disseram ter conversado e até "ouvido piadas" do presidente. No domingo, o ministro das Comunicações, Ernesto Villegas, declarou que a infecção respiratória que acometeu o líder bolivariano foi controlada, mas ele ainda sofre com insuficiência respiratória.
Cuba. Em discurso às comitivas dos 33 países que integram a Celac, o presidente cubano, Raúl Castro, denunciou uma "campanha de intrigas e descrédito contra o governo da Venezuela e denunciou uma suposta ingerência externa contra os países da América Latina.
"Alem da dor e da preocupação com a saúde do chefe da revolução bolivariana, o povo irmão (da Venezuela) está dando um exemplo de lealdade, convicção e unidade para aprofundar irreversíveis conquistas", disse Raúl. "O governo bolivariano está enfrentando uma campanha permanente de intrigas e descrédito por parte do império (os EUA) e da oligarquia golpista. Reiteramos a Chávez nosso afeto, respeito e admiração."
Em seu discurso, Raúl ainda celebrou a criação da Celac, que ganhou o apelido de "OEA do B" por não incluir Canadá e Estados Unidos. "A existência da Celac permitiu encarar os desafios do ano passado com mais consciência de quem somos e para onde vamos em meio a circunstâncias complexas", disse. O líder cubano também fez coro à crítica dos países da região à militarização das Malvinas. / EFE e AFP
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