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Maduro leva 'bilhete de Chávez' ao Chile; opositor denuncia 'mentiras descaradas'

Em segredo. Vice promete mostrar hoje mensagem assinada pelo líder venezuelano a outros chefes de Estado em reunião na cúpula Celac-UE, no Chile; principal figura da oposição duvida de informações sobre melhora na saúde do presidente, internado em Cuba

Por Tania Monteiro e SANTIAGO
Atualização:

O vice-presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, promete ler hoje diante de líderes latino-americanos reunidos no Chile uma mensagem escrita "com tinta vermelha" pelo presidente Hugo Chávez. A oposição venezuelana reagiu com ceticismo tanto à carta - cuja leitura foi adiada duas vezes no fim de semana - quanto ao último informe oficial sobre a saúde do líder venezuelano. Henrique Capriles, governador do Estado de Miranda e principal líder opositor, afirmou que o governo "mente descaradamente" a respeito das condições do presidente, internado em Cuba desde o dia 11 de dezembro. O ministro da Informação da Venezuela, Ernesto Villegas, repetiu ontem que "em semanas" o presidente, que foi submetido à quarta cirurgia contra um câncer na região pélvica, deverá estar "se recuperando e retornando" a Caracas. Em entrevista a uma TV chilena, Villegas afirmou que, mesmo se recuperando de uma nova cirurgia, Chávez "não deixou de exercer o poder" no país.O ministro reiterou que "uma infecção respiratória que tinha surgido foi controlada". Segundo Villegas, "persiste um certo grau de insuficiência respiratória que está sendo tratada". Ele negou que o governo venezuelano esteja escondendo o estado de saúde de Chávez. Prometeu que o governo "continuará dando notícias boas e más", mas ressalvou que, no momento, "só tem notícias boas". Villegas afirmou ainda que a assinatura da carta levada por Maduro ao Chile é "prova" de que Chávez está ali "retratado" e "é o mesmo Chávez de sempre, que está vivo e batalhando por sua saúde ao mesmo tempo em que está batalhando pela construção de um mundo melhor e mais igualitário". Maduro, Villegas e o chanceler Elías Jaua foram a Santiago para a reunião da Comunidade de Estados Latino Americanos e Caribenhos (Celac) com a União Europeia (UE). Maduro anunciou ainda no sábado que leria ao chegar ao Chile uma carta assinada por Chávez para os colegas latino-americanos. Não o fez. A mensagem seria lida na noite de ontem, mas por Twitter Villegas adiou novamente a apresentação, sem justificativa. "A mensagem será lida em plenário amanhã (hoje)", escreveu."Uma pessoa que pode assinar cartas e que pode fazer piadas não pode falar ao país? Então, alguém está mentindo descaradamente", reagiu Capriles. Desde que viajou para a última operação, Chávez não foi visto em público e, ao contrário do ocorrido em outras internações, não gravou vídeos ou telefonou para falar à população.Durante um ato de governo em Miranda, Capriles também se dirigiu aos simpatizantes do chavismo. "O governo está mentindo descaradamente sob seus narizes", declarou. Sem citar nomes, Capriles, que perdeu a eleição presidencial para Chávez em outubro, acusou chavistas de só se importarem em "defender o posto". "A esses cavalheiros não importam os problemas do país", afirmou.Ordens. O presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, reforçou ontem a ideia de que Chávez está consciente e dando ordens. Em entrevista ao canal de televisão Televen, Cabello afirmou que houve reforço na segurança dele e de Maduro por ordem do próprio presidente. "Nossa segurança foi reforçada, até mesmo, por razões contrárias à nossa vontade", afirmou. Segundo o presidente da Assembleia, "o presidente, pessoalmente, deu a ordem".Na quarta-feira, o ministro do Interior, Néstor Reverol, recomendou publicamente um reforço na segurança dos líderes citando informes de Inteligência que sugeriam a possibilidade de um "atentado terrorista" levado a cabo pela "ultradireita".Na abertura oficial do encontro, o presidente chileno, Sebastián Piñera, mencionou Chávez em seu discurso. "Quero fazer um reconhecimento a um presidente que não está conosco, o presidente Hugo Chávez, cuja visão permitiu levarmos adiante esta iniciativa", afirmou. / COM EFE

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