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Maduro obriga companhias aéreas a pagar combustível com criptomoeda local

Moeda não está disponível em casas de câmbio virtuais, com o bitcoin e outras criptomoedas, e sites de classificação de risco como o icoindex.com a chamam de 'farsa'

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Por Redação
Atualização:

CARACAS - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, decretou nesta terça-feira, 14, que a PDVSA fature o combustível que vende às companhias aéreas em petros - uma criptomoeda vetada pelos Estados Unidos e classificada como uma "farsa" pelas plataformas de câmbio na internet.

"Decreto a venda em petros, a partir deste momento, de toda a gasolina que a PDVSA vende para aviões que cobrem as rotas internacionais", afirmou Maduro em sua prestação anual de contas, sem esclarecer quais serão os mecanismos de comercialização do combustível.

Representaçãoda moeda virtual "Bitcoin". Foto: Dado Ruvic / Reuters 

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A Venezuela sofre desde 2013 um êxodo maciço de companhias aéreas por dívidas estatais de US$ 3,8 bilhões, segundo a Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA).

Isso se deve à falta de divisas para repatriar ganhos em bolívares no âmbito do controle cambial que governa o país, embora tenha sido flexibilizado nos últimos meses.

Maduro também ordenou a venda de 4,5 milhões de barris das "reservas físicas" de petróleo da PDVSA e 150 mil barris por dia de produção venezuelana. 

O presidente também decretou o uso obrigatório de criptomoeda para serviços como emissão de documentos - incluindo passaportes - e registros da venda de imóveis e veículos. 

O governo cotiza cada petro em cerca de US$ 60, embora seu valor seja flutuante. 

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A moeda não está disponível em casas de câmbio virtuais, com o bitcoin e outras criptomoedas, e sites de classificação de risco como o icoindex.com a chamam de "farsa". 

Uma proposta de 2018

Em 2018, o ministro do Petróleo, Manuel Quevedo, declarou que a Venezuela pretendia "levar a criptomoeda estatal, o petro, à Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) para converter esta moeda digital no futuro das transações petrolíferas".

Pouco tempo depois, a Rússia respondeu que representantes das autoridades financeiras do país tinham ido à Venezuela para conhecer o petro, mas que ainda não planejava aceitar o uso da criptomoeda em transações bilaterais.

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O petro foi lançado há quase três anos por Maduro como parte da tentativa de fugir das sanções dos Estados Unidos e da União Europeia contra alguns funcionários do governo e empresas estatais. No entanto, poucos dias após o lançamento, Washington, entre suas sanções contra a Venezuela, proibiu a negociação com o petro. 

Idealizado como um criptoativo e depois definido como um certificado de poupança, o petro agora é visto por economistas venezuelanos como uma "unidade de conta".

O uso dessa criptomoeda está ligado ao chamado carnê da pátria, um censo paralelo que o governo de Maduro diz permitir monitorar a entrega de ajudas, mas que a oposição denuncia como uma medida para chantagear eleitores.

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Além do petróleo 

Maduro também anunciou que a Corporação Venezuelana de Guayana (CVG) prosseguirá com a venda de 1 milhão de toneladas de minério de ferro briquetado orçadas no plano de produção de 2020.

Posteriormente, o Ministério da Comunicação e Informação detalhou no Twitter que a venda dessa tonelada de ferro briquetado será em petro, informação confirmada pela secretaria de imprensa presidencial. / AFP e EFE 

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