Maduro volta a Cuba após uma semana e oposição cobra detalhes sobre Chávez

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Por Roberto Lameirinhas e CARACAS
Atualização:

Um dia após o início do novo mandato de Hugo Chávez - numa transição considerada inconstitucional pela oposição -, o vice-presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, viajou ontem para Havana, onde o líder bolivariano está internado desde 11 de dezembro. Segundo Maduro, que voltou da ilha há uma semana, o objetivo da viagem é informar Chávez, visitar a família e conversar com os médicos. Maduro anunciou a viagem durante uma reunião com governadores eleitos em dezembro pelo Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV). "Levaremos ao presidente as boas novas de um povo que está trabalhando e fazendo revolução, com coragem e disciplina", afirmou Maduro. A viagem do vice-presidente coincide com a intensificação das exigências da oposição de informações mais precisas e confiáveis sobre o estado de saúde de Chávez. "Os venezuelanos precisam saber onde está seu presidente, como está seu presidente e quando ele poderá voltar a ser presidente", afirmou ao Estado o advogado ligado à Mesa da Unidade Democrática (MUD) Ramón Infante. "O governo usou o argumento de que o cumprimento do Artigo 231 da Constituição (que estabelece que o presidente deveria estar presente à solenidade de posse na Assembleia Nacional na quinta-feira) seria uma violação da vontade popular, que votou em Chávez na eleição de 7 de outubro. Mas o povo votou em Chávez, não em Nicolás Maduro."Chávez foi submetido à quarta cirurgia para combater um câncer na região pélvica em 11 de dezembro. Desde então, não emitiu nenhuma mensagem direta aos venezuelanos. A última informação oficial sobre sua saúde foi divulgada na segunda-feira e relatava que ele ainda não tinha superado uma infecção respiratória, mas respondia ao tratamento. Além da infecção, dias depois da operação, o governo afirmou que ele tinha sofrido também uma hemorragia. No entanto, não se sabe quais órgãos foram afetados pelo câncer nem há detalhes sobre o tratamento que está recebendo.A presidente argentina, Cristina Kirchner, viajou para Havana para visitar Chávez, assim como o peruano Ollanta Humala. Maduro afirmou que se encontraria com os dois líderes em Cuba. Ao mesmo tempo, a oposição venezuelana se encarregava ontem de convocar protestos contra o que qualifica de "atropelo constitucional". Um deles estava marcado para a manhã de hoje. Grupos opositores anunciaram uma série de marchas para o dia 23. O grupo Voluntad Popular, comandado por Leopoldo López, anunciou para hoje uma concentração em Chacaito, distrito da capital, Caracas. Nos Estados de Zulia e Táchira, estudantes universitários bloquearam algumas avenidas e realizaram piquetes para protestar contra a decisão do Tribunal Superior de Justiça de dar aval à continuidade do governo, sem a presença do presidente.Membros de sindicatos de jornalistas também protestaram ontem contra a decisão do governo de sancionar a emissora crítica ao chavismo Globovisión - em razão da exibição nas telas do Artigo 231, suprimindo a parte do texto que, segundo os chavistas, permite que a posse do presidente seja adiada. Se condenada, a pena à emissora pode ser de multa à cassação da autorização para funcionamento.

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