Mãe de menina assassinada diz que foi grampeada por tabloide

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Por PETER GRIFFITHS
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A mãe de uma menina britânica assassinada em 2000 foi espionada por um detetive que colaborava com o extinto tabloide News of the World, disse uma entidade mantida pela mulher, em mais uma reviravolta no escândalo que abalou o império midiático do magnata Rupert Murdoch. A Fundação Phoenix, entidade de apoio à infância criada por Sara Payne depois que a filha dela foi assassinada por um pedófilo, disse que anotações sobre ela foram encontradas em poder do detetive Glenn Mulcaire. O News of the World usava esse caso como parte de uma campanha para que a lei britânica fosse mudada, de modo a permitir que pais soubessem o local de residência de pessoas condenadas por crimes sexuais. "Sara está absolutamente devastada com esta notícia, todos nós estamos profundamente decepcionados e estamos apenas trabalhando para que ela supere isso", disse a fundação em nota. Rebekah Brooks, editora do jornal na época do crime, e depois executiva da unidade de jornais de Murdoch na Grã-Bretanha, disse que o jornal bancou por 11 anos um telefone celular para Payne, mas negou ter conhecimento da espionagem. A News International, empresa de Murdoch que publicava o News of the World, disse "levar muito a sério" a denúncia e colaborar com as investigações. Murdoch resolveu fechar o tabloide, que tinha 168 anos de existência, depois da revelação, surgida no começo do mês, de que Mulcaire havia espionado a caixa postal telefônica de outra adolescente assassinada. O escândalo abriu uma crise no governo e na mídia da Grã-Bretanha. Na quinta-feira, o chefe do inquérito relacionado ao caso, juiz Brian Leveson, pediu aos jornalistas que evitem o corporativismo e contribuam com a investigação. Dois dos mais graduados policiais da Grã-Bretanha deixaram seus cargos por causa de suspeitas de que foram coniventes com abusos do News of the World. O primeiro-ministro David Cameron também foi alvo de ataques por ter contratado como porta-voz o jornalista Andy Coulson, que deixou o comando do News of the World em 2007, após uma primeira denúncia de que um repórter do jornal teria realizado espionagem. (Reportagem adicional de Stephen Addison e Peter Griffiths)

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