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Influência iraniana explica precisão de foguetes do Hamas contra Israel

Especialista vê influência do Irã no sistema de armas do grupo palestino, capaz de burlar o Domo de Ferro e atingir cidades distantes

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Por Redação
Atualização:
Na cidade de Ashkelon, sistema de defesa israelense Domo de Ferro intercepta foguetes lançados da Faixa de Gaza. Foto: Amir Cohen/Reuters

JERUSALÉM - Centenas de foguetes disparados desde segunda-feira pelo Hamas foram interceptados pelo Domo de Ferro, o sistema de proteção de Israel, mas dezenas caíram sobre cidades israelenses, matando pelo menos sete pessoas, destruindo casas e carros. Os danos que os foguetes conseguiram provocar desta vez levaram ao questionamento sobre quais foram as mudanças no arsenal do Hamas desde o conflito de 2014.

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Na quinta-feira, o porta-voz militar do Hamas, Abu Ubaidah, anunciou que o grupo havia usado um novo foguete chamado “Ayyash 250” para atacar Tel-Aviv. O projétil tem um alcance de mais de 250 quilômetros, segundo o Hamas, embora as alegações não tenham sido verificadas de forma independente.

Ian Williams, pesquisador do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais e vice-diretor do Projeto de Defesa de Mísseis, disse que o lançamento de foguetes de Gaza nos últimos dias revelou uma maior influência iraniana no programa de armas do Hamas. “Estamos vendo isso no volume que o Hamas é capaz de disparar e na precisão, que é maior do que vimos no passado”, afirmou.

As forças de segurança de Israel sabiam que o Hamas era capaz de atingir Jerusalém, mas o fato de o grupo ter lançado sete foguetes contra a cidade na segunda-feira pegou as autoridades de surpresa. Nos ataques contra Tel-Aviv foi usado um número maior de foguetes com alcance superior. 

Williams acredita que a precisão dos foguetes dos militantes palestinos melhorou, já que o sistema de defesa aérea parece estar sendo acionado mais do que no passado. O Domo de Ferro só entra em ação quando os foguetes parecem estar no caminho certo para atingir uma área povoada ou infraestrutura importante.

Fabian Hinz, analista de inteligência especializado em mísseis do Oriente Médio, disse que, embora o Hamas e outros grupos pareçam ter tentado adicionar sistemas de orientação de precisão a seus foguetes, não há evidências de que tenham sido bem-sucedidos. “Existem alguns ataques que atingiram seus alvos muito bem, mas pode ser que eles sejam atiradores de sorte.”

Segundo Hinz, o Hamas adquiriu alguns projéteis do exterior, incluindo foguetes Fajr 3 e 5, do Irã, e foguetes M302, da Síria, mas o grupo agora é capaz de produzir foguetes domésticos com alcance de quase 160 quilômetros, tecnicamente colocando a maior parte de Israel dentro do alcance.

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Embora tenha se tornado cada vez mais difícil obter armas totalmente montadas do exterior depois do fechamento da fronteira com o Egito, os líderes do Hamas se gabaram, em um programa da Al-Jazira, em setembro, de que haviam conseguido infiltrar mísseis Fajr e projéteis antitanques russos Kornet em Gaza por terra e mar. O grupo produz a maior parte de suas armas em instalações próprias usando materiais caseiros e contrabandeados pelo Irã e pelo grupo militante libanês Hezbollah.

As estimativas sobre o tamanho do arsenal variam. Michael Herzog, general de brigada aposentado do Exército de Israel, que agora é membro do Washington Institute, estima que o grupo poderia ter de 8 mil a 10 mil projéteis. Alguns analistas dizem que é difícil saber exatamente o tamanho do arsenal do Hamas e da Jihad Islâmica, mas eles parecem ter aumentado.

Provavelmente, a maioria dos foguetes é de curto alcance capaz de viajar apenas de 10 a 20 quilômetros da fronteira, disse Herzog. “Mas um número considerável do estoque de armas do Hamas consiste em foguetes de longo alcance capazes de atingir grandes centros populacionais em Israel”, acrescentou./ WP

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