17 de fevereiro de 2021 | 18h35
BOGOTÁ - Imigrantes e refugiados venezuelanos que vivem na América Latina enfrentam despejos ou risco de expulsão por não poderem pagar os aluguéis devido à pandemia, revelou um estudo de organismos internacionais divulgado nesta quarta-feira, 17.
O relatório indica que "uma grande proporção" dos venezuelanos na América Latina está "em risco de despejo" ou já foi despejado de suas casas, principalmente devido à "impossibilidade de pagar por moradia e serviços públicos".
De acordo com o estudo, 39,8% dos venezuelanos entrevistados haviam sido expulsos, enquanto 38% corriam o risco de serem retirados à força de suas casas.
O relatório, intitulado Pesquisa regional sobre despejos de refugiados e migrantes da Venezuela, é endossado pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Unhcr) e pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH).
Suas conclusões são baseadas em 1.800 entrevistas feitas entre outubro e novembro de 2020 com migrantes e refugiados venezuelanos que vivem na Colômbia, Peru, Guiana, Equador, Panamá e República Dominicana.
“À toda essa situação complexa deve-se acrescentar a situação particular da pandemia, que tem um impacto enorme”, disse Julissa Mantilla, da CIDH, durante a conferência virtual de apresentação do documento.
A CIDH “reconhece que existem violações de direitos humanos na causa da migração forçada e na situação dos refugiados durante a passagem pelos diferentes países de trânsito e na chegada ao país de destino”, acrescentou Mantilla, comissária e relatora de direitos dos migrantes da CIDH.
O estudo denuncia que a maioria dos migrantes venezuelanos aluga casas ou quartos com contratos verbais e sem as "condições mínimas".
E se antes da pandemia já existiam "conflitos" pela "falta de oportunidades e meios de subsistência" dos migrantes para pagar os aluguéis, a situação agora é "agravada" pelo desemprego e pela crise sanitária e social gerada pela covid-19, diz o estudo.
O documento também alerta que os despejos também são causados pela “discriminação” contra os venezuelanos e alerta que a situação é pior para os migrantes em situação irregular e para as mulheres porque elas são “mais propensas a sofrer violência e ameaças”.
Os Estados “devem tomar nota desta informação” e cumprir com suas “obrigações primárias” de proteger os migrantes, alertou Mantilla.
Estima-se que mais de cinco milhões de venezuelanos deixaram seu país devido à crise social e econômica pela qual estão passando. A maioria emigrou para outras áreas da América Latina e do Caribe. /AFP
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