Maioria dos mexicanos desaprova resistência civil de López Obrador

Faltando um dia para que o resultado das eleições seja anunciado, pesquisa mostra que 71% dos mexicanos estão cansados das campanhas de desobediência civil

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Por Agencia Estado
Atualização:

Uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira pelo jornal mexicano El Universal revelou que 71% dos eleitores do país desaprovam as medidas de resistência civil adotadas pelo candidato esquerdista Andrés Manuela López Obrador, engajado em denunciar supostas fraudes nas eleições de 2 de julho. Segundo o levantamento, apenas 23% da população concorda com a campanha do candidato do Partido da Revolução Democrática (PRD). Há mais de um mês, partidários de López Obrador bloqueiam algumas das principais vias da capital mexicana. Ainda assim, 28% dos eleitores acreditam ter havido fraude na apuração do pleito, que deu uma vitória apertada ao candidato situacionista Felipe Calderón. Segundo a pesquisa, apenas 55% dos entrevistados acreditam que Calderón foi o vencedor. O resultado da enquete realizada com 1.000 mexicanos vem a publico um dia antes da divulgação oficial do ganhador das eleições mexicanas, realizadas em 2 de julho. Na terça-feira, a corte eleitoral do país deve declarar o governista Felipe Calderón o novo presidente mexicano. A esperada decisão dificilmente irá acalmar as incertezas políticas que marcaram o cenário político mexicano nas últimas semanas. Desde que o resultado de uma contagem por amostragem dos votos divulgada dias após a realização do pleito indicou a vitória de Calderón, partidários de López Obrador afirmam que o processo eleitoral foi marcado por fraudes. A acusação levou à realização de manifestações de rua pelos partidários do candidato da esquerda. Diante da possibilidade de ter suas esperanças de reverter uma eventual vitória de Calderón esvaziadas com a decisão que será anunciada na terça-feira, López Obrador já alertou que não aceitará o veredicto da corte eleitoral. Sua intenção é estabelecer um governo paralelo no país. "A corte irá dizer que ´a eleição foi válida e Calderón é o presidente´", disse o analista político Oscar Aguilar. "Mas isso não irá virar a página. Isso não terminará com nada." Bloqueios Por semanas, milhares de partidários de López Obrador bloquearam a elegante Alameda Reforma e se instalaram na praça central da cidade. Eles dizem que não voltarão para casa até que López Obrador seja declarado presidente. Os protestos, no entanto, poderão gerar prejuízos para o partido de López Obrador. Empresas mexicanas que se dizem prejudicadas financeiramente pelos protestos anunciaram nesta segunda-feira que irão responsabilizar legalmente o PRD por perdas da ordem de US$ 369 milhões. Além de apoiar os manifestantes, o PRD, que governa a Cidade do México, recusou-se em remover os manifestantes, proporcionando-os eletricidade e proteção policial. Mas as tensões não estão apenas nas ruas. Na última sexta-feira, legisladores pro-López Obrador impediram o atual presidente Vincent Fox de realizar seu último pronunciamento no Congresso mexicano. Um porta-voz de Fox, no entanto, já anunciou que "não haverá meios" de que os manifestantes proíbam a declaração do resultado oficial. Segundo Ruben Aguilar, o governo federal possui várias maneiras de assegurar que o presidente eleito tome posse. "Há várias, várias maneiras", disse Aguilar, sem especificar que métodos poderão ser adotados. "Nós as reservaremos para a hora adequada, mas há formas de garantir que a nossa constituição seja respeitada. A entrega do poder ao presidente eleito será feita sem sombra de dúvida."

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