Maioria governista da Constituinte boliviana aprova Carta de Evo

Votação ocorreu em quartel de Sucre sem a presença da oposição e em meio a protestos

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Por Redação
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A maioria governista da Assembléia Constituinte da Bolívia aprovou na noite de ontem o texto integral do projeto de Carta do presidente Evo Morales, reunida em um colégio militar e sem a presença da oposição. De acordo com a presidente da Constituinte, Silvia Lazarte, os pontos específicos da Carta serão discutidos posteriormente e ainda não têm data para ser definidos. Enquanto os artigos do projeto de Constituição eram votados, confrontos entre a polícia e manifestantes nas ruas de Sucre deixaram pelo menos 1 morto - um advogado de 30 anos - e cerca de 100 feridos. As manifestações foram lideradas por universitários opositores do governo de Evo Morales. Identificado como Gonzalo Durán, o advogado foi atingido com uma bala na altura do tórax, após violentos choques ocorridos nas proximidades do colégio militar, onde ocorria a votação. Os enfrentamentos, que já haviam deixado cerca de 100 feridos na sexta-feira, recomeçaram ontem por volta de meio-dia. Centenas de universitários começaram a caminhar em direção ao colégio militar, onde os constituintes estavam isolados por vários cordões de policiais e militares. Armados com paus e pedras, os manifestantes foram reprimidos pela polícia com tiros e bombas de gás lacrimogêneo. Fontes da Cruz Vermelha confirmaram que 13 pessoas foram atendidas com ferimentos, entre elas um policial e um jornalista. A oposição qualificou a reunião da Constituinte de ilegal por ocorrer em um quartel militar e pela agenda prevista, que não incluiu a reivindicação de Sucre de voltar a abrigar a sede do governo da Bolívia. As sessões da Constituinte - que teria até o dia 14 de dezembro para aprovar a nova Constituição - estavam suspensas havia três meses por causa do impasse quanto à questão da capital do país. Sucre é a capital constitucional da Bolívia, mas só abriga o Poder Judiciário. A maioria governista da Constituinte retomou na sexta-feira as sessões, , sem a presença da oposição, para aprovar rapidamente o projeto de Evo Morales. Em discurso realizado em Cochabamba, Evo afirmou que os constituintes de seu partido e seus aliados haviam se isolado "por razões de segurança".

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