Mais de 3,4 mil civis iraquianos morreram em julho, diz <i>NYT</i>

Jornal destaca que o número recorde marcou um mês da instalação de um novo plano de segurança pelo governo iraquiano, lançado em junho

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Por Agencia Estado
Atualização:

Mais civis iraquianos morreram em julho do que em qualquer outro mês desde o início da guerra, informou nesta terça-feira o jornal americano The New York Times, citando estatísticas do Ministério da Saúde e de necrotérios do país. O diário destaca que o número recorde marcou um mês da instalação de um novo plano de segurança pelo governo iraquiano, lançado em junho. Uma média de mais de 110 iraquianos morreram por dia no mês, o que dá a julho astronômicas 3.438 mortes registradas. O número representa um crescimento de 9% em relação à junho e quase duas vezes mais mortes do que em janeiro. No dia 14 de junho, o primeiro-ministro iraquiano, Nuri Kamal al-Maliki, anunciou um plano criando novos postos de controle do Exército iraquiano para estrangular os movimentos de insurgência. Tanto autoridades iraquianas, como autoridades americanas, aplaudiram a iniciativa. Desde então, explicaram as mesmas autoridades, o plano não conseguiu cumprir seus objetivos, forçando o comando militar americano a enviar mais soldados à Bagdá e conseqüentemente desistir de seus planos para uma retirada do Iraque até o final do ano. Em entrevista ao diário nova-iorquino, o embaixador americano no Iraque, Zalmay Khalilzad, disse que a os líderes políticos iraquianos falharam por não usarem toda sua influência para acabar com a violência. "Eu acho que chegou a hora desses líderes assumirem a responsabilidade pela violência sectária, pela segurança de Bagdá", disse Khalilzad. Nas últimas semanas, o Exército americano tem tentado provar que Bagdá pode ser "recuperada" se soldados americanos saírem às ruas e tomarem um papel mais ativo na manutenção da segurança da cidade. Até pouco tempo atrás, relata o jornal, os americanos tentavam passar a responsabilidade pela segurança o mais rápido possível para o governo iraquiano. Mais de 4 mil soldados americanos foram deslocados para a cidade. Quando a contagem total de julho for adicionada aos números relativos aos meses anteriores, ao menos 17.776 iraquianos terão morrido só nos primeiros sete meses do ano, uma média de 2.539 mortes por mês. Mas, segundo analistas militares e autoridades da ONU ouvidas pelo jornal, os números podem ser ainda maiores, devido a falta de precisão das informações obtidas em zona de guerra. Os números indicam que o nível da violência no Iraque vem sendo drasticamente subestimada pela mídia, afirma o jornal. O governo e as Forças Armadas americanas se negam a fornecer qualquer análise acerca do número de mortes de civis no Iraque, e não informam se mantém uma contagem. A violência sectária em larga escala vem atingindo o Iraque desde o dia 22 fevereiro, quando uma importante mesquita xiita na cidade de Samarra foi atacada. Desde então, a situação só piorou, com milícias e esquadrões da morte formados por muçulmanos xiitas e sunitas envolvendo-se na matança de milhares de pessoas.

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