TÚNIS - Mais de 80 pessoas que deixaram a Líbia na segunda-feira, 1, naufragaram no litoral da região de Zarzis, na Tunísia, informou nesta quinta-feira, 4, à Agência AFP um funcionário da Organização Internacional para as Migrações (OIM).
Segundo a fonte, ele se encontrou com um dos três sobreviventes que chegaram ao país na quarta-feira.
"Um sobrevivente, um maliano de vinte e poucos anos, ainda se encontrava em estado de choque e disse que seu barco havia naufragado na noite de segunda-feira e que foi salvo 'in extremis'', afirmou Wajdi Ben Mhamed, diretor da OIM no sul da Tunísia.
O sobrevivente, que não foi identificado, disse que a embarcação partiu da Líbia rumo à Itália com 86 passageiros a bordo. Por causa do movimento dos passageiros, o barco virou poucas horas depois da partida.
"Ele não sabe o que aconteceu com o resto. Todos foram declarados desaparecidos, e há uma alta probabilidade de que tenham se afogado", acrescentou.
"Há temores pela morte de 80 imigrantes, só que mais informações são necessárias para confirmar o que aconteceu e o número exato de pessoas desaparecidas", escreveu no Twitter Flavio Di Giacomo, um porta-voz da OIM.
Três sobreviventes foram resgatados pela companhia marítima Guarda Marítima Nacional, que havia sido alertada por pescadores, segundo o porta-voz da Guarda, Hucem Eddine Jebabli.
À Agência EFE, o ativista Chamseddine Marzoug, membro do Crescente Vermelho do país, afirmou que os sobreviventes foram resgatados e enviados a um hospital, e um deles teria falecido. “As outras duas permanecem no nosso centro de amparo em Zarzis”, conta.
Nas últimas semanas, dezenas de candidatos ao exílio, que tentavam chegar à Itália vindos do oeste da Líbia, foram resgatados na costa da Tunísia.
Assim, 75 imigrantes, a maioria de Bangladesh resgatados no Mediterrâneo no final de maio passado, permaneceram bloqueados por mais de duas semanas no convés de um navio nas costas de Zarzis, muitos dos quais foram repatriados para Bangladesh pela IOM.
Segundo a OIM, um total de 597 imigrantes morreram no mar enquanto tentavam chegar à Europa desde o início de 2019. Desses, 343 morreram na chamada "rota central", que parte da Líbia e que é considerada uma das mais mortais do mundo.
Um número próximo de 620 - 383 no Mediterrâneo Central – foi registrado em todo o ano de 2018, o que evidencia uma mudança de tendência desde que alguns países proibiram o trabalho das ONGs que ajudam nos resgates.
De acordo com a OIM, 27,8 mil migrantes chegaram à Europa de forma irregular pelas três rotas principais nos primeiros seis meses do ano, número que representa uma queda de 35% em relação ao mesmo período de 2018.
A notícia do naufrágio de uma embarcação originária da Líbia veio à tona quase um dia depois de um ataque aéreo contra um centro de imigrantes no país deixar 40 mortos e 80 feridos. / AFP e EFE