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Mais dois uigures são mortos

Conflito com polícia reacende tensão em Xinjiang

Por Cláudia Trevisan
Atualização:

A polícia matou a tiros dois uigures e feriu um terceiro ontem em Urumqi, capital da província chinesa de Xinjiang. Segundo o governo local, as mortes ocorreram quando os policiais tentavam impedir que o grupo atacasse um outro uigur com facas e bastões. O incidente ocorreu no momento em que a cidade começava a retomar sua rotina, oito dias depois de um dos maiores conflitos étnicos da China provocar a morte de 184 pessoas, 137 das quais chineses hans (que representam 93% da população do país e 39% dos habitantes de Xinjiang). Veja fotos de Urumqi, capital da província de Xinjiang, na China O confronto entre a polícia e os três uigures ocorreu perto de um dos bairros muçulmanos de Urumqi e foi presenciado por moradores traumatizados com a violência da última semana. No dia 5, grupos de uigures armados com porretes, facas e pedras atacaram chineses hans e entraram em confronto com a polícia. Segundo a agência oficial de notícias Nova China, o número de mortes pode subir, já que 900 feridos ainda estão internados, 74 em estado grave. Na terça-feira, chineses hans saíram às ruas com barras de ferro e porretes para se vingar. Não há dados oficiais sobre vítimas desse segundo confronto, mas, segundo uigures, várias pessoas foram mortas. HISTÓRIA Muçulmanos, os uigures são os tradicionais habitantes da região, conquistada na última dinastia do império chinês, a Qing (1644-1911). Com a proclamação da república, Xinjiang viveu um período de independência, enquanto o restante da China vivia décadas de invasão estrangeira e guerra civil. Depois de vencer os nacionalistas, em 1949, os comunistas enviaram tropas a Xinjiang e ao Tibete, que foram reincorporados à China. As duas províncias são as maiores do país e representam 30% de seu território. No início da década de 50, os uigures representavam 80% da população local e o porcentual de chineses hans era de 6%. Após chegar ao poder, o Partido Comunista estimulou a migração para a província e em 1964 os hans já representavam 31% dos habitantes de Xinjiang. Os uigures reclamam que não podem praticar sua religião e são marginalizados economicamente. Os conflitos em Xinjiang ocorrem três meses antes do aniversário de 60 anos da Revolução Comunista, que o governo pretende transformar numa grande celebração da unidade nacional.

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