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Mais duas regiões bolivianas buscam autonomia

Governos de Cochabamba e Chuquisaca decidem reunir assinaturas para pedir referendo

Por Ruth Costas
Atualização:

Santa Cruz de La Sierra, Bolívia - Outros dois departamentos (Estados) bolivianos entraram no coro por mais autonomia. Segundo o governador de Cochabamba, Manfred Reyes Villa, de oposição, a partir de janeiro as organizações cívicas e o governo coletarão assinaturas para pedir um referendo local sobre esse tema. Em Chuquisaca, onde fica a cidade de Sucre, essa campanha já começou. O governador David Sánchez, aliado de La Paz, que estava fora de Sucre desde o dia 24 - quando conflitos entre policiais e estudantes deixaram três mortos - renunciou ontem. "Nos últimos meses, Chuquisaca se deu conta de que será muito difícil conseguir implementar projetos de desenvolvimento local se não tivermos mais independência", disse ao Estado o vice-presidente do Comitê Cívico, José Luis Gantier. "Precisamos de um Estado menos centralizador e temos certeza de que um referendo sobre esse tema hoje teria um resultado favorável por aqui." Numa consulta popular sobre as autonomias regionais realizada em julho de 2006, o "sim" venceu nos departamentos de Santa Cruz, Pando, Beni e Tarija, mas perdeu nas outras cinco regiões - incluindo Cochabamba e Chuquisaca. De acordo com uma pesquisa publicada ontem pelo Instituto Mori, o voto pela autonomia também ganharia nesses dois departamentos. Em Chuquisaca, por 67%a 18%. Em Cochabamba, por 48% a 41%. Em Chuquisaca, as organizações cívicas também pretendem coletar assinaturas para um referendo nacional sobre uma mudança da sede dos poderes Legislativo e Executivo da Bolívia de La Paz para a cidade de Sucre - uma demanda histórica da região. Até 2005, as nove regiões bolivianas nem sequer podiam eleger seus governadores. Eles eram indicados por La Paz. As eleições para esse cargo foram barganhadas em negociações com o partido governista Movimento ao Socialismo (MAS) em troca da convocação da Assembléia Constituinte. Agora, esses líderes regionais querem poder decidir sobre como administrar o orçamento e definir políticas de educação, saúde e hidrocarbonetos. Essas exigências são um dos grandes focos de tensão com o governo do presidente Evo Morales. Ontem, Evo voltou a convidar as regiões opositoras a dialogarem, por sugestão de embaixadores europeus que estão tentando aproximar os dois lados. A oposição, porém, diz que as ofertas do presidente não são sinceras, porque ele não demonstra estar disposto a fazer concessões.

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