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Malvinas reacende patriotismo argentino, mas não é prioridade

Discussão sobre ilhas divide espaço nos jornais com alta nos preços e uso de reservas.

Por Marcia Carmo
Atualização:

A nova escalada de tensões entre Argentina e Grã-Bretanha na disputa pelas ilhas Malvinas (Falklands, para os britânicos) reacendeu o patriotismo dos argentinos, embora ainda divida as atenções com outras preocupações, como economia e segurança. Nesta quarta-feira, por exemplo, a questão da soberania sobre as ilhas teve lugar nos principais jornais, emissoras de rádio e televisão do país, mas dividiu espaço com a alta nos preços e a utilização das reservas do Banco Central pelo governo. "Hoje, as principais preocupações dos argentinos são inflação e segurança pública", diz a analista política Graciela Romer, que, assim como outras personalidades argentinas ouvidas pela BBC Brasil, defende que as ilhas deveriam pertencer ao país. "Todos aqui sabemos que as ilhas Malvinas são argentinas", afirma Romer. A soberania argentina sobre as ilhas está na Constituição do país e é ensinada às crianças nos bancos escolares. Outro argentino, o cartunista Rep, do jornal Página 12, também defende a soberania argentina sobre o arquipélago que, em 1982, foi motivo de uma guerra entre o país e a Grã-Bretanha, que atualmente controla as ilhas. "As ilhas são nossas. E isso está no coração dos argentinos", disse Rep. Política A senadora Norma Morandini, do opositor Partido Nuevo, afirma que as Malvinas fazem parte da "identidade" e da "história" da Argentina. "A busca da soberania das ilhas Malvinas é uma reivindicação legítima, que forma parte da nossa identidade, que está ligada à nossa história", diz Morandini. A senadora, no entanto, afirma que o fato de a questão das Malvinas ter sido levantada em um momento de baixa popularidade da presidente Cristina Kirchner deixa a sociedade "cautelosa". "Este é um governo com baixa credibilidade, e as pessoas suspeitam que a questão Malvinas possa ter uma utilização política", disse a senadora. Esta opinião é dividida pelo analista político Rosendo Fraga, do Centro de Estudos Nova Maioria, que afirma que a "posição firme do governo" em relação às Malvinas tem o objetivo de gerar um fato de unidade política", em um momento em que o governo perdeu a maioria no Congresso Nacional e que seu índice de aprovação está abaixo dos 30%. Outros, no entanto, concordam com as reações da presidente Cristina Kirchner ao anúncio de que os britânicos vão explorar petróleo na região do arquipélago. "Estou orgulhoso, apoio e respeito a defesa da soberania das nossas ilhas. As ilhas são argentinas porque estão a 200 milhas da costa, dentro de território argentino. E eu acredito na via diplomática para encontrarmos uma solução", disse o cantor Victor Heredia, conhecido por suas canções de protesto gravadas por nomes como Mercedes Sosa. Para ele, a busca de petróleo "confirmou" o motivo que leva os britânicos a defenderem sua soberania sobre as ilhas. Já o taxista Julio Herrera também diz apoiar "a via diplomática" para que a "soberania" das ilhas seja dos argentinos, mas diz que "o problema' é que o país "não soube defender as Malvinas". BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.