
01 de janeiro de 2020 | 16h26
HONG KONG - Uma marcha que atraiu dezenas de milhares de manifestantes contra o governo em Hong Kong no ano-novo acabou em confusão, quando a polícia disparou gás lacrimogêneo e canhões de água na multidão, incluindo famílias inteiras.
Segundo o jornal The Guardian, 400 pessoas foram presas - trata-se da maior quantidade de detidos em um único dia de manifestações desde junho, quando uma onda de protestos tomou conta do território autônomo que é governado pela China. Os manifestantes pressionam as autoridades chinesas por mais democracia.
"Com base na contagem até as 18h (local) e em comparação com a marcha de 9 de junho, acreditamos que o número total do protesto de hoje exceda o 1 milhão de pessoas", afirmou, em comunicado, a organização Frente Civil pelos Direitos Humanos, em referência à marcha do ano passado com a qual começaram a campanha de mobilização da pró-democracia contra Pequim.
A violência eclodiu quando um grupo de manifestantes começou a depredar caixas eletrônicos do HSBC, no distrito de Wanchai. Policiais de choque avançaram contra o grupo e disparou spray de pimenta e gás lacrimogêneo, atingindo também crianças que participavam do protesto.
Após uma pequena dispersão, os manifestantes, alguns com máscaras de gás e vestidos de preto, se reagruparam e tentaram romper um cordão feito pela polícia. Houve novo confronto, dessa vez com os manifestantes atacando os policiais com coquetéis molotov e pedras.
Parte dos manifestantes direcionaram sua ira contra agências do HSBC porque consideram que o banco teria contribuído para a prisão de quatro pessoas que abriram uma conta para levantar recursos para os protestos. A conta bancária foi fechada após a detenção dos titulares. O HSBC nega ter ligação com as detenções.
Durante o protesto no primeiro dia do ano, um leão de bronze na sede do banco em Hong Kong foi manchado com tinta vermelha e chamuscado por fogo.
Por meio de um porta-voz, o banco disse que condena "veementemente os atos de vandalismo e danos direcionados às nossas instalações repetidamente nos últimos dias. Acreditamos que estes são injustificados”.
"É difícil dizer 'feliz ano novo' porque as pessoas de Hong Kong não estão felizes", disse um homem chamado Tung, que estava andando com seu filho de dois anos, mãe e sobrinha. “A menos que as nossas exigências sejam atendidas e a polícia seja responsabilizada por sua brutalidade não haverá 'feliz ano novo'", acrescentou. / REUTERS e AFP
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