Manifestantes contra reeleição fazem vigília no Paraguai

Prefeito de Assunção, o esquerdista Mario Ferreiro, pediu que a emenda seja anulada para a 'pacificação do país'

PUBLICIDADE

Atualização:

Dois dias depois de manifestantes invadirem e incendiarem o Congresso do Paraguai após um grupo de senadores aprovar uma emenda que permite a reeleição no país, a tensão política aumentou em Assunção ontem. Observado por policiais, um grupo de mais de 100 pessoas acampou em frente ao prédio do Parlamento e promete só sair de lá quando o projeto for revogado. O prefeito de Assunção, o esquerdista Mario Ferreiro, pediu que a emenda seja anulada para a "pacificação do país". 

Após demitir o ministro do Interior e o diretor da Polícia Nacional, o presidente Horácio Cartes determinou a investigação da morte de um militante do Partido Liberal, vítima de policiais nas horas que se seguiram ao incêndio do Congresso. 

Manifestantes fazem vigília em frente ao Congresso do Paraguai em protesto à aprovação de emenda de reeleição Foto: AP Photo/Jorge Saenz

PUBLICIDADE

"Exigimos que a emenda seja retirada para evitar novos episódios de violência ao longo da semana", disse Ferreiro, do Partido Revolucionário Febrerista - legenda de esquerda que tem ganhado destaque no país. A não aprovação da emenda beneficiaria Ferreiro, que divide eleitorado com o ex-presidente Fernando Lugo. 

Lugo, assim como Cartes, não pode disputar outro mandato por já ter dirigido o país. Ambos se aliaram no Senado para mudar o regimento e aprovar a emenda, à revelia do comando da casa, nas mãos do Partido Liberal. Parte da imprensa e da oposição vê ruptura institucional na medida tomada pelos senadores. O próximo passo será a votação na Câmara, onde o governo tem maioria, seguido da convocação de um referendo. 

"Ficaremos na frente do Congresso até que a emenda seja retirada", disse o líder dos manifestantes Daniel Echeverría.

O Partido Colorado, de Cartes, descarta desistir do projeto. "A emenda será analisada pela Câmara dos Deputados", disse o porta-voz colorado Pedro Aliana. 

 A oposição também recorreu à Justiça para derrubar a emenda. O prazo para análise da liminar é de 90 dias. O governo espera aprovar a emenda na Câmara e aprovar o referendo até maio, para que haja tempo de Cartes se candidatar à reeleição em abril de 2018. / AP e EFE

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.