Manifestantes defendem reforma política

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Por Fernando Nakagawa
Atualização:

Os manifestantes da Porta do Sol, em Madri, têm expressado suas críticas ao modelo político espanhol, polarizado entre os socialistas do PSOE e os conservadores do PP. O grupo pede uma "democracia real", mas não há consenso se isso poderia ser com um novo partido político ou uma via alternativa. "É fato que temos quase um bipartidarismo na Espanha, mas queria mesmo que nossos pedidos fossem ouvidos", diz a operadora de telemarketing Silvia Van Teslaar. Desde 1982, socialistas e conservadores têm se revezado no Palácio de Moncloa, sede do governo espanhol."Esses partidos políticos não devem continuar, são todos corruptos. Temos de mudar a situação e é por isso que estamos aqui", diz o autônomo Luís Sanchez que defende uma saída democrática, mas sem partidos políticos. "A organização social pode mudar as coisas, não os partidos". Provocado, o autônomo rechaçou a ideia de que um país sem partidos políticos seja um regime totalitário.Tanta diferença no discurso dos manifestantes e a ausência de uma proposta efetiva eram apontadas por vários cientistas políticos e sociólogos como as principais causas de um esperado enfraquecimento. "Nunca houve um objetivo claro. Faltava a esse grupo um marco simbólico e uma identidade forte", diz o sociólogo da Universidade Complutense de Madri Félix Ortega, que rechaçou com veemência a comparação do protesto com as recentes manifestações no Norte da África. Em artigo, o especialista em filosofia política e social da Universidade do País Vasco Daniel Innerarity argumentou que a indignação é uma virtude cívica, mas insuficiente para mudar a situação. "Pode ser que essa explosão de protestos irados seja menos transformadora que o esforço para introduzir pacientemente algumas melhoras". Prevendo o fim do movimento nos próximos dias, o professor de inglês desempregado Guillermo Ortiz diz que, mesmo assim, a experiência vale a pena. "No final das contas, demos nossa contribuição. No meu caso economizei com a terapia."

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