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Manifestantes em 75 países vão às ruas pedir a paz

Por Agencia Estado
Atualização:

As manifestações pacifistas previstas amanhã em 75 países e 500 cidades de todo o mundo deverão reunir milhões de pessoas, sem dúvida um número muito superior à quantidade de manifestantes registrada em 1991, nas vésperas da Guerra do Golfo. Só na França estão previstas 60 passeatas de protesto em numerosas cidades. Isso se explica pelo fato de, na época , o Iraque ter sido o estado agressor, ocupando militarmente o Kuwait. Agora, as condições são bem diversas e, apesar de Saddam Hussein ser considerado praticamente por todos os países democráticos um ditador sanguinário, seu país é que está ameaçado de invasão pela aliança militar anglo-americana, cujas justificativas não convenceram, até agora, a opinião pública internacional. A mobilização começou pela Europa e seu germe localiza-se nos protestos de novembro de 2002, no Fórum Social de Florença, mas a confirmação ocorreu no dia 15 de dezembro, quando da reunião de cúpula da União Européia de Copenhague. As mesmas organizações presentes em Florença decidiram a data e a palavra de ordem das manifestações: ?Não à guerra contra o Iraque?. O movimento começou a ser organizado por estruturas de esquerda, mas hoje conta com o apoio de grupos de todas as tendências e horizontes, da extrema esquerda à extrema direita. O próprio Jean Marie Le Pen, dirigente da extrema direita francesa, afirmou que seu partido apoiará as manifestações antiguerra na França, independentemente de sua origem política. Os organizadores, entretanto, já revelaram seu desacordo com a presença incômoda e esse talvez seja o único ponto sensível que pode provocar incidentes. Só nos Estados Unidos, mais de 70 organizações e associações, inclusive movimentos religiosos, decidiram apoiar o apelo lançado pelos pacifistas europeus, sendo que a manifestação mais importante deverá ocorrer em Nova York, reunindo milhares de pessoas. O mesmo em Paris, onde se espera a mais importante manifestação desde de 1º de maio de 2002, quando esquerda e direita se reuniram para dizer não à ameaça da extrema direita lepenista, que havia vencido o candidato dos socialistas, Lionel Jospin, no primeiro turno do pleito presidencial. Além de Paris, outras 60 passeatas vão percorrer as ruas de Marselha, Lyon, Nantes, Toulouse e outras cidades. Os partidos políticos e seus líderes se associam a essas manifestações: PS, PC, Verdes, e também diversas tendências dos partidos de direita que fazem parte da maioria presidencial se associaram ao movimento contra a guerra, caso da UDF e UMP. Uma das maiores manifestações pode ocorrer, paradoxalmente, num dos países cujo governo está mais comprometido com a guerra, a Grã-Bretanha. Espera-se a participação de 500 mil a 1 milhão de pacifistas. Várias personalidades deverão participar e falar quando a passeata chegar ao Hyde Park, entre elas, Bianca Jagger e o pastor americano Jesse Jackson. Na Espanha, 42 organizações participaram da organização, juntamente com os partidos da oposição PSOE e IU, pois o partido do governo, o PP, segue o primeiro-ministro Aznar, que apóia a ofensiva de George W. Bush, juntamente com Silvio Berlusconi da Itália. Apesar disso, um milhão de pessoas devem desfilar em Roma, mesmo com a direção da RAI, a televisão pública italiana, tendo se recusado a cobrir o evento. Na Alemanha, duas manifestações em Berlim deverão convergir em direção da porta de Brandeburgo. Finalmente, na Rússia, são os comunistas que organizam as passeatas. Os organizadores franceses, na origem do apelo mundial, citam também outras cidades que deverão responder afirmativamente ao movimento. Entre elas Rio, São Paulo e Porto Alegre, no Brasil.

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